Crise hídrica pode afetar abastecimento de água e energia em Mairiporã e região

NO FINAL do mês de junho o ministro de Minas e Energia, Bento Costa, fez um pronunciamento em rede nacional para alertar o grave momento de estiagem que atinge o País, com efeitos mais prejudiciais às hidrelétricas. Segundo ele, foi aceso o alerta sobre o abastecimento de água e também para a energia elétrica, que já sofreu dois reajustes seguidos.

Mairiporã e região, abastecidos pelo Sistema Cantareira, está bem próximo dos 40% de armazenamento de água nos seus seis reservatórios, já que a chuva está bem abaixo da média histórica para o período.

O Cantareira, segundo dados diários da Sabesp, tem perdido 0,1% de seu volume por dia, e não raro, 0,2%. No mês de março, fim do verão, choveu 152,3 mm, para uma média de 176,2 milímetros. No primeiro mês do outono, abril, a queda foi expressiva, pois choveu apenas 9 milímetros, quando eram esperados 83,1. Em maio choveu um pouquinho mais, 37,3 mm, e a média do mês era 77,4. E em junho, 26,1 milímetros de chuva, para uma média histórica de 57,1.

Na comparação com o mesmo período de 2020, a situação é ainda mais crítica. Naquela oportunidade o sistema operava com 56,3% da capacidade em junho e, agora, 44,1%, diferença de 27,4%.

Vazão – Atrelada a baixa quantidade de chuvas, a vazão de afluência aos reservatórios do Sistema Cantareira também têm se apresentado abaixo da média histórica. Em maio, foi registrado apenas 9m³/s de vazão de afluência, quando o esperado é de 33,44m³/s. Esse comportamento está ocorrendo durante todo este ano o que significa que se está consumindo a água armazenada de outros períodos, o que conota um período de estresse hídrico.

O clima seco era esperado no outono/inverno, porém as chuvas abaixo da média no verão fez com que os reservatórios armazenassem menor quantidade de água para enfrentar a estiagem até setembro.

O Cantareira abastece a Região Metropolitana de São Paulo, o que inclui as cinco cidades da região. No caso de uma crise hídrica, a vazão de água retirada do Sistema vai ser reduzida ainda mais, o que pode levar ao racionamento.

Energia – Além do abastecimento de água, o problema pode chegar também no fornecimento de energia elétrica. Com a geração de hidrelétricas em baixa, cuja crise, segundo o governo, é a maior em 91 anos, que pode resultar na adoção de medidas mais graves, como o racionamento.

A escassez de chuvas, desde 2020, reflete nos baixos armazenamentos dos reservatórios das usinas hidretétricas.

As contas de luz sofreram em 10 dias dois aumentos para o consumo de bandeira vermelha, que vai impactar o bolso do consumidor.

Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), foram adotadas faixas de acordo com a capacidade de volume operacional: mais de 60% (normal), entre 40% e 60% (atenção), 30% e 40% (alerta), 20% e 30% (restrição) e menos de 20% (especial).

Legenda: A vazão de afluência no Cantareira está quatro vezes menor que o tolerável, sintoma inicial de crise hídrica

Crédito: Sabesp