Cortesia com chapéu alheio

Fazer cortesia com o chapéu alheio é uma das práticas mais condenáveis que se conhece. Mas há quem faça uso dela com muita constância, especialmente os políticos.

Ontem ouvi um carro de som passando em minha rua e certamente por toda a cidade, conclamando a população a colaborar com um tal de ‘Drive Thru Solidário’, em que as pessoas dão uma passada no Ginásio de Esportes e colaboram com roupas, alimentos, etc e tal. A empreitada, ainda de acordo com o carro de som, é do Fundo Social de Solidariedade.

Tomei conhecimento pela Imprensa Oficial, leitura obrigatória nestes tempos de quarentena, dos gastos do prefeito sem o processo licitatório, e que soube pelo meu editor é tema de reportagem nesta edição. Dentre as aquisições, cerca de milhares de cestas básicas.

Não encontro outro adjetivo a não ser contrassenso, para explicar o governo vir às ruas pedir o auxílio de uma população proibida de trabalhar, impedida de abrir o comércio (os que estão com atendimento na porta não vendem nem 10% do que faturavam), paralisada em outros setores da nossa economia e que muito contribuiu muito para o espantoso número de desempregados na cidade, que só nos últimos dois meses já passam de 2 mil.

Se a Prefeitura abriu a porteira para compras sem licitação, deveria aproveitar essa ‘bondade’ governamental e acudir o segmento que levou o Fundo Social a implementar o ‘drive thru’. Seria mais racional e recomendável, sem pedir a quem não tem qualquer tipo de contribuição e que teme pelo futuro.

Já que o drive trhu aí está, que o prefeito comece pelos funcionários comissionados, depois pelo primeiro escalão, depois os vereadores e os comissionados da Câmara e ele próprio, que podem muito bem dar uma cesta básica cada um.