Copa

Escrevo essa crônica uma hora antes da estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia. Uma mistura de ansiedade e esperança toma conta de mim. Esperança, obviamente, de que o Brasil vença. Ou, ao menos, vá bem no jogo. Esperança que nunca deixa de existir, mesmo depois do desastre da Copa de 2014. Esperança que é um dos componentes que faz parte desse sentimento louco que envolve a maioria dos brasileiros em época de Copa, até mesmo a pessoa mais improvável: eu.
Não, eu não assisto futebol. Nada contra quem gosta, torce, acompanha. Só não é exatamente meu entretenimento favorito. Minha falta de coordenação motora nunca me permitiu, ainda quando criança, que eu jogasse nem aquelas partidas de rua, com tijolos no lugar das traves do gol. Não que eu tivesse vontade de jogar, muito pelo contrário. Sempre fugi de todo e qualquer tipo de esporte de equipe, e o futebol era o principal deles.
Outra coisa que me mantém alheio ao mundo da bola é a falta de entendimento. Não, eu não conheço as regras do futebol, não sei a diferença entre um pênalti e um impedimento (e, talvez, nem tenha usado os termos certos aqui). Existem aqueles que não são fanáticos por futebol, que não acompanham os jogos, que mal conhecem os jogadores e que, mesmo assim, torcem (ou dizem torcer) por algum time. Bom, nem mesmo isso eu faço. Antes, quando perguntado se torcia para algum time (e, por algum motivo, essa pergunta já parece ter me sido feita mais vezes do que o normal), eu falava o nome do time para o qual meu irmão torcia, só por força do hábito. Hoje em dia, nem a esse trabalho me dou. Apenas falo que “não, nenhum”.
Mas, em época de Copa, é diferente. Continuo sem entender absolutamente nada de futebol, porém o sentimento está ali. Aquela vontade de ver o Brasil ganhar, que eu tenho certeza que não está só em mim. É algo que não conseguimos controlar, mas que tem sim uma explicação: ora, está em nosso sangue! Em um país que tem o futebol como uma de suas principais características culturais, um jogo de Copa parece não ser visto só com os olhos, e também com o coração.