Compromisso pela água

Nota veiculada pela Coluna do Correio, semana passada, comentava a falta de ação da Sabesp com respeito à longa estiagem vivenciada no Estado de São Paulo e os números alarmantes do armazenamento de água nos reservatórios que formam o Sistema Cantareira. E até aqui, nada mudou. A concessionária se mantém alheia ao problema, assim como ocorreu há alguns anos, quando eclodiu a crise hídrica que levou milhões de pessoas ao sacrifício de conviver sem água.
Há mais de um mês não chove e a previsão é de que vem por aí mais estiagem. Tudo muito preocupante, menos para a Sabesp. Os mananciais sofrem com a falta de chuvas e a população (a parte que tem consciência do problema) se sente impotente diante da queda rápida dos níveis das represas e da letargia das autoridades do setor hídrico. Se assim continuar pelos próximos dias, não demora o anúncio de racionamento.
Praticamente estamos em estado de alerta diante da escassez de chuvas, mas não há qualquer pedido ou campanha da Sabesp para que a população economize água e não se veja obrigada a enfrentar medidas incômodas. Há muita gente na cidade que segue como se não houvesse amanhã, ou seja, se esbaldando em lavagem de carros, calçadas e quintais.
O Sistema Cantareira está com seu volume útil em 42%, para abastecer mais de 7 milhões de pessoas. No ano passado, nesta mesma época, ostentava 65,3%. Ou seja, a perda de água em doze meses é de 55,4%, mas nem isso sensibiliza os responsáveis pelo abastecimento.
A interligação com o Vale do Paraíba (rio Paraíba do Sul) não vai salvar ninguém se os céus não derramarem chuva. O socorro que viria de lá pode não acontecer, pois naquela região também não chove. E novamente a saída será recorrer ao volume morto, que há quatro anos praticamente se esgotou.
Diante do quadro atual, com a queda rápida do nível dos reservatórios, é hora da Sabesp se mexer, não confiar muito em São Pedro e firmar com a população compromisso de uso racional da água e de reuso doméstico. Se essas boas práticas forem adotadas pelo maior número de pessoas, aumentam as chances de se atravessar esse longo período de seca sem grandes contratempos.