Comitê e transparência

A farra com o dinheiro público, em nome da pandemia do coronavírus, se espalhou mais rapidamente que o próprio vírus. A diferença é que o estrago, no caso da dinheirama esparramada, só será sentido bem mais à frente e as consequências serão igualmente terríveis. Alguns sintomas, como desemprego, fechamento de empresas e falência de outras, já podem ser sentidos neste momento.

Inúmeras cidades, onde os avisos de dispensa de licitação grassam em velocidade espantosa, já estão sendo alvo de ações do Tribunal de Contas e da Polícia Federal (PF). Em Ribeirão Preto, por exemplo, a PF comanda investigações sobre o aluguel de ambulâncias. No Rio de Janeiro e também em São Paulo, há fortes indícios de corrupção na compra de respiradores.

Políticos safados, que se aproveitam do momento para locupletarem-se, têm mesmo que amargar uns bons anos de cadeia.

De outra parte, algumas cidades criaram comitês de gastos para acompanhar receitas e despesas relacionadas às ações de combate à pandemia. Seus integrantes ficam encarregados de produzir relatórios sobre os gastos nessas atividades e encaminhá-los ao Tribunal de Contas.

Não sei se em Mairiporã foi criado tal comitê. Não li nada a respeito, nem na Imprensa Oficial. Se foi instituído, melhor para o governo do senhor Antônio Aiacyda. Se não foi, é bom implantar a medida o mais breve possível.

Pelo que tenho acompanhado, o montante autorizado para gastos com dispensa de licitação passa com folga a casa do milhão em Mairiporã.

Embora os políticos tenham horror ao termo ‘transparência’, seria oportuno aplicá-lo.