Com o pé direito

Primeira semana do ano e as baterias recarregadas. Estive no interior do estado, na verdade região noroeste. Votuporanga, a cidade das brisas suaves. Eu pensava que sabia o que era roça. Agora eu vi mesmo o que são hectares e mais hectares de áreas com pastos, gado e plantações. Pude ver pequenos produtores que tiram o leite, fazem queijo e plantam para sua mesa e para muitas mesas. Realmente falar é fácil, mas a vida em um lugar assim é bem diferente e penso que aqueles que lá nasceram e nascem são diferentes.

Sou um cara “nutella”, como dizem, perto das pessoas fortes que pegam no cabo da enxada e não tem tempo para reclamar de bobagens como eu faço muitas vezes.

A simplicidade é um adjetivo bem adequado para o comporamento admirável dessa gente do sítio, onde quase o ano todo é quente e as chuvas vem diminuindo ano após ano. Quando a tarde cai é como se as estradinhas contassem cada qual uma história que caberia bem em um livro.

Passei de trator em alguns “mata burros” e pulei as cercas de arame farpado para ver de perto o espaço do gado. O galo canta cedinho, a água é gelada na caneca de aluminio e o chão de terra convidativo para pisar descalço e com calma. A noite pede uma prosa e um bom churrasco cabe a qualquer dia.

Como diria uma canção do padre Fábio de Melo: “no meu interior tem Deus.” O padre é mineiro de Formiga, mas as letras dele parece terem sido feitas para um lugar igual a Votuporanga. Ao menos os acordes da viola só podem ser os mesmos daquele cenário plano e que eu trouxe na retina para gravar para sempre no coração.

Viajar é bom demais e voltar para casa tem um sabor especial. Dormi gostoso na minha cama e recomecei as atividades, afinal, as contas não param de chegar e Deus compensa quem trabalha, sem esperar dos outros e sem responsabilizar sempre outro alguém quando algo não cai do céu.

Vagabundo sempre chama de sorte o esforço alheio e vive atrás de uma boquinha para se instalar como fazem os parasitas no organismo humano.

Por aqui também não tem recesso, caros leitores, e que esse ano a gente continue conectados por essas linhas que chegam longe. Vou dividindo minhas impressões do cotidiano nessas crônicas, que prometo vou manter leves para que sejam lidas por prazer. Use como quiser, de preferência para o bem e se lembre que as palavras tem poder.

Experimento isso todos os dias e como os frutos são bons, devo estar plantando em terra fértil. Em breve há novidades chegando e vamos ter muito assunto para 2024, que comecei com o pé direito, cheio de projetos e novas realizações. Assim que a vida deve ser!

 

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”