Os números são expressivos. A população estimada de Mairiporã em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 100.179 pessoas. Enquanto isso, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) aponta que até outubro, 53.277 veículos já circulavam na cidade, o que representa 1,88 veículo a cada dois moradores. Nos últimos dez anos o crescimento foi de 105%, tendo hoje 27.298 unidades a mais do que em 2009, quando eram 25.979. Além dos carros da frota própria, o trânsito é composto pelo tráfego flutuante e de caminhões de carga.
Os automóveis, que respondem por mais da metade da frota, tiveram crescimento de 103,7% entre 2009 e outubro último, de 16.156 para 32.917 unidades. Já em relação às motocicletas, o aumento foi menor, mas também expressivo, de 75,7%, passando de 4.668 há dez anos, para 8.202 em outubro último.
Com esse crescimento da frota, o trânsito do município tem se intensificado. O problema tem causa. A região central da cidade mantém a mesma malha viária desde os anos 1940, quando foi projetada para receber a movimentação de pouquíssimos veículos, mas muitos cavalos e carroças.
A construção de novas vias e a adoção de medidas para maior fluidez do tráfego são ações que, desde então, são postergadas. Nas últimas semanas a Câmara de Vereadores realizou audiências públicas para discutir o Plano de Mobilidade Urbana produzido pela Prefeitura, que na verdade é um documento meramente burocrático para contemplar exigência constitucional. Não há no referido plano indicações e especificações quanto a construção de vias alternativas como forma de minimizar o problema de trafegabilidade na região central.
Frota cada vez maior, malha viária a mesma de muitas décadas, inexistência de projetos que ampliem as opções para o tráfego atual são componentes que transformam Mairiporã (e também Terra Preta, cujas vias são poucas e estreitas) num caos.
A população de Mairiporã em dez anos cresceu 26,56% entre 2009 e 2019. Passou de 79.153 para os atuais 100.179, ou seja, aumento cinco vezes menor que o de veículos. Nessa progressão, rapidamente Mairiporã registrará 1 veículo por habitante.
E aquela máxima que a população repete exaustivamente de que o centro tem as ruas ‘de baixo, de cima e do meio’, vai ser dita ainda por muito tempo.
