Coluna do Correio

FRASE
“Não há nada mais inútil do que discutir política com os políticos.” (António de Oliveira Salazar, político português e professor catedrático da Universidade de Coimbra)

SÃO PEDRO
O comportamento da Sabesp em se manter silente em relação aos níveis das represas que integram o Sistema Cantareira é, no mínimo, intrigante. Outros sistemas no Estado já emitiram inúmeros alertas quanto ao pouco volume útil de água em seus reservatórios, porém a Companhia de Saneamento Básico que atende toda a região não dá demonstrações de estar preocupada. A queda diária no índice de armazenamento parece não sensibilizar as autoridades do setor hídrico. Esse comportamento também foi observado há três anos, quando a crise afetou milhões de consumidores. O que a Sabesp está esperando? De novo por São Pedro?

NOVO FOCO
Com o fim das atenções voltadas para a seleção, é esperado que o clima comece a esquentar no meio político. As candidaturas a deputado entram na fase de definição. Em muitos partidos, que até o ano passado ensaiavam lançar nomes, casos do vereador Nil Dantas (PV) e do filho do prefeito, atual secretário de Obras, do PSDB, já é praticamente certo que ninguém será submetido às urnas. São aquelas candidaturas que, de fato, ficaram apenas no ‘balão de ensaio’. O registro das candidaturas vai deixar claro o que era fogo de palha e o que é realidade. Isso também vale para o ex-vereador Aladim, que publicamente não confirmou se vai ou não disputar vaga na Câmara dos Deputados. Até aqui, só conversa.
NÃO COLA
A estranha ausência do governador e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), nas cidades da região, que concentra um colégio eleitoral de quase 500 mil pessoas, tem causado estranheza nos integrantes do partido, o PSB. Há quem diga que isso deva ser interpretado, no caso de Mairiporã, como um mecanismo de proteção da equipe do pré-candidato diante das avaliações que dão conta de que não é bom colar a imagem dele à do governo municipal, e segundo porque o prefeito Antônio Aiacyda é tucano. Ainda assim o governador deveria tentar amealhar votos na cidade.
TRANSPORTE
Em decisão muito ‘fora da curva’, como se costuma dizer, pois o prefeito não é dado a benesses quando se trata do funcionalismo público, o Executivo instituiu ajuda de custo aos servidores municipais que utilizam o sistema de transporte coletivo local e intermunicipal, popularmente conhecido como ônibus, para o deslocamento dos funcionários entre sua residência e o trabalho e vice-versa. Ou o prefeito resolveu ouvir quem lhe soprou nos ouvidos essa ‘benesse’, ou foi provocação pura ao Sindicato da categoria, que em favor de seus associados não faz absolutamente nada.
BICO FECHADO
O governo de Aiacyda nunca mais falou sobre modernizar a Zona Azul. Tentou duas licitações que fizeram água e permanece com o sistema mais arcaico do mundo, o de cartão de papel, que o usuário sofre para encontrar nos pontos de venda elencados pela Prefeitura. Ao que parece, a ordem no Paço é manter todo mundo (a tucanada) de bico fechado sobre o assunto.
BALANÇO
Encerrado o primeiro semestre legislativo, na verdade cinco meses de sessões, os vereadores apresentaram um total de 79 moções, das quais 67 de apelo. Ou seja, fizeram mais apelos que todos os religiosos da cidade juntos. Além disso, outras 10 congratulações (também conhecidas como puxação se saco) e outras duas de pesar. Em relação a projetos, 98% foram destinados à inclusão de datas no calendário oficial da cidade (que não comemora coisa alguma) e nomenclatura para ruas. Ou seja, só perfumaria.
ENQUANTO ISSO…
… os vereadores seguem de férias. Uma beleza! Em todas as cidades da região as sessões são realizadas normalmente, porém em Mairiporã os senhores edis gozam do chamado recesso. Essa pausa no meio do ano precisa acabar. Alguém tem que ter a coragem de mudar essa situação, pois vereadores foram eleitos para trabalhar pelo povo e não gozar quase três meses de descanso.
BOAS PRÁTICAS
Em quase todos os municípios paulistas as reuniões de vereadores que integram comissões permanentes são transmitidas ao vivo pelo site das respectivas câmaras quando emitem pareceres a projetos. Em Mairiporã, não! Se adotada, a medida seria uma demonstração de transparência dos parlamentares. Durante anos as comissões no legislativo local nunca se reuniram para nada. Os integrantes assinavam o que vinha pronto do Jurídico. Boas práticas devem ser copiadas. Em algumas cidades o não comparecimento do vereador nas comissões permanentes dá perda de mandato. Por aqui, até onde se sabe, não há qualquer punição. Que também poderia ser inserida no Regimento Interno.
NINGUÉM
Em entrevista a um jornal da Baixada Santista no último final de semana, o ex-vereador e ex-prefeito da cidade, Koyu Iha, que também foi deputado, disse que o Legislativo não fiscaliza mais ninguém. Iha foi vereador no tempo em que não existia subsídio (salário). Quem acompanha de perto não só os legislativos estadual e federal, mas principalmente os municipais, dá total razão ao que ele disse. No caso dos vereadores, preferem aliar-se ao prefeito em troca de cargos comissionados.
SEM VERBA
Quem recebeu, quem não recebeu não recebe mais. A Lei Eleitoral impede, desde o início da semana, repasses a municípios, seja a que título for. Dinheiro mesmo, só Deus sabe quando serão liberados, pois os novos governantes, quando assumirem em janeiro, vão recitar uma ladainha bastante velha, quiçá dos tempos do Império Romano: “precisamos tomar ciência de como estão os cofres do governo antes de se falar em dinheiro.”