Coluna do Correio 8/12/17

FRASE
“Os lugares mais negros no inferno são reservados para aqueles que mantêm sua neutralidade em tempos de crise moral.” (Dante Alighieri, escritor, poeta e político italiano)

DINHEIRAMA (II)
Como era de se esperar, os vereadores, de olho no oportunismo político, aprovaram a autorização para o empréstimo. A oposição, que tem atuado até de forma convincente, deveria acionar, desde já, o Tribunal de Contas, e de quebra o Ministério Público, para saber se a Prefeitura tem necessidade de emprestar esses R$ 10 milhões, e se não vai onerar ainda mais os cofres municipais, diante do reduzido Orçamento para 2018. Consumada a dinheirama, os investimentos vão virar pó.
DINHEIRAMA (III)
O vereador Gusto, líder do prefeito, deveria desistir de explicar o inexplicável. Ruim de matemática, toda vez que vai puxar o saco do prefeito se enrola. Só na concepção dele a compra de caminhões é mais vantajosa que a terceirização. Quantos motoristas vão ser necessários? Quanto de combustível será gasto? E com a manutenção? E quando quebrados, como é comum em Mairiporã, quanto vão custar o conserto e a ociosidade dos equipamentos? Frota própria de veículos na Prefeitura local é filme velho, manjado e que interessa só a uns poucos.
CANETADA
Enquanto demonstra férrea vontade em endividar a Prefeitura com o empréstimo pretendido, o alcaide decidiu dar uma canetada nas horas extras do funcionalismo. Decretou o seu fim e ainda especificou quais serviços considerados essenciais poderão fazê-las, porém com a imposição de limites. Os servidores, que já dizem cobras e lagartos, certamente estão buscando novos adjetivos para qualificar o chefe do Executivo.
AS FAIXAS (I)
Todas as faixas de pedestres nos quatro cantos da cidade estão apagadas e sem conservação. A Secretaria de Mobilidade Urbana deveria explicar como a situação chegou a esse ponto. Pedestres e motoristas se sentem inseguros. Falta tinta? Falta dinheiro? Difícil acreditar que um órgão voraz em arrecadar multas não tenha meios para pintar as faixas. O prefeito certamente não anda pela cidade, pois já teria visto o problema. Mas se viu, fez vistas grossas.
AS FAIXAS (II)
Anteontem, coincidentemente, o Departamento de Trânsito começou pintá-las na região central. Difícil acreditar, mas há seis meses que não havia manutenção.
CARRO OFICIAL
Os vereadores que estão interessados em representar de fato e de direito os cidadãos de Mairiporã têm o dever de questionar o prefeito sobre o uso de um veículo oficial, dias atrás, que foi flagrado na porta principal de acesso ao Hospital Novo Atibaia. Dentre outras coisas, o prefeito precisa explicar, principalmente, de que forma é feito o controle sobre a utilização da frota.
VELÓRIO (I)
A tropa de choque do prefeito, durante os trabalhos legislativos do dia 27, parecia estar em clima de velório, cabisbaixa, triste, com cara de poucos amigos. É que nessa sessão um dos mais lídimos representantes do prefeito, Fernando Rachas Ribeiro, o Dr. Nando, perdeu a cadeira de vereador. Os mais próximos até proferiram um tímido discurso de despedida, mas raros foram os votos de boas vindas ao novo ocupante, Pastor Cícero. Essa baixa do vereador do PMDB pode ser ampliada dentre em breve.
VELÓRIO (II)
A mesma tropa, de forma constrangedora, se viu obrigada a votar favoravelmente às contas do ex-prefeito Márcio Pampuri, aprovada pelo Tribunal de Contas. Na manhã seguinte, um dos ferrenhos defensores do atual prefeito comentou à porta da Prefeitura: “Na gestão anterior o presidente da Câmara, mesmo com parecer favorável do Tribunal de Contas, quis cassar os direitos políticos de Aiacyda. O interlocutor respondeu: “Nada como um dia depois do outubro”.
MALDADE
Nos bastidores da Câmara, logo após a posse do vereador Pastor Cícero, as más línguas juraram que um dos 13 parlamentares, mesmo que contido para não dar bandeira, vibrou com a queda do Dr. Nando. Difícil imaginar quem seja.
ESTRATÉGIA
Setores organizados da sociedade atibaiense (entidades de classe, clubes de serviço, entidades religiosas e o Poder Público) estiveram reunidos com o prefeito e os vereadores para tratar de um assunto que é comum a quase todas as cidades: pessoas em situação de rua. No vizinho município foi lançado o Programa Vida Nova, com medidas que visam resultados práticos na rotina de quem quer uma oportunidade de recomeçar. Mas tudo dentro do diálogo, do apoio e do convencimento pessoal. Mairiporã, na contramão como sempre, o número dessas pessoas aumenta dia a dia, sem nenhuma ação por parte do governo municipal e da Secretaria de Desenvolvimento Social.
PEDINTES
Paralelamente às pessoas em situação de rua, Mairiporã também assiste ao surgimento espantoso de pedintes. Tem para todos os gostos: idosos, deficientes físicos, jovens, crianças, enfim, difícil para quem ajuda saber se de fato existe a necessidade. Alguns desses pedintes têm até ponto fixo na região central.
CONTRASSENSO (I)
Mairiporã está com 80% de seu território dentro da chamada APA (Área de Proteção Ambiental). Isso não é novidade. Mas o que não deveria ser novidade é a inoperância das autoridades ambientais, o que torna a cidade um contrassenso. A hipocrisia, também na questão urbanística, é o que impera. As questões ambientais envolvem o uso e ocupação do solo, preservação de fontes e nascentes, ribeirões e riachos, matas nativa e ciliar, além do aspecto urbanístico das áreas onde se concentram toda essa natureza. Com a falta de fiscalização e de vontade política, tudo isso está prestes à condenação. O futuro dirá.
CONTRASSENSO (II)
A Prefeitura, que deveria ser a primeira a zelar pela preservação, não o faz, e pior, colabora como cúmplice para as agressões ambientais praticadas com selvageria empreendedora, na maioria dos casos, invasões e loteamentos clandestinos, tudo isso com direito à impunidade. Verdadeiro bálsamo para os infratores. Ou seja, ninguém fiscaliza. Também não se pode omitir que a Sabesp é a principal poluidora dos recursos hídricos, mas nunca foi questionada, inclusive sobre a diminuta e insuficiente rede de coleta e tratamento de esgoto.
CONTRASSENSO (III)
Mairiporã não tem nem nunca teve projeto de sustentabilidade ambiental. As leis são burladas diariamente. Há justificativas absurdas baseadas em leis absurdamente interpretadas. Um simples laudo da Cetesb, que ninguém questiona, porque é tido como órgão inquestionável do meio ambiente, aliado a outro do DEPRN-SP (Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais) e o alvará da Prefeitura, são o salvo conduto às obras até hoje questionadas na cidade. Exemplos não faltam. E tristemente pode-se usar um antigo ditado que ilustra bem a questão ambiental em Mairiporã: “Depois da porta arrombada…”
COSTURA (I)
O ex-vereador e pré-candidato a deputado federal, Aladim, começou a costurar apoios para 2018. Antigos aliados de Márcio Pampuri e Jair Oliveira e os descontentes com o atual prefeito estão aderindo ao político, que também confirmou sua candidatura ao Palácio Tibiriçá em 2020. A julgar pelo número de adesões até agora, a pretensa candidatura de Nil Dantas, pelo PV, a deputado, não deve sair do papel.
COSTURA (II)
Aladim também tem conversas adiantadas com pelo menos dois deputados estaduais (que buscam a reeleição) e outros dois neófitos. Segundo ele, interessados em dobradinhas não faltam.