Coluna do Correio 5/11/2017

SELETIVA (I)
Na terça-feira da semana passada a sessão da Câmara durou exatos 68 minutos. Destes, 30 foram utilizados pelos vereadores para discutir coleta seletiva de lixo na cidade, assunto que volta e meia é retomado pelos senhores representantes do povo. Terá o tema servido de inspiração para que, dois dias depois, um caminhão de coleta seletiva de lixo, certamente sem serventia, teria sido recrutado para transportar cestas básicas?

SELETIVA (II)
Aos vereadores falta discernimento para discutir temas que são caros à cidade. Antes de se falar em coleta seletiva deveriam discutir com seriedade e cobrar com rigor a coleta de esgoto por toda a cidade. Mairiporã tem, segundo a Fundação Seade, 38% de coleta de esgoto, quando deveria ter 100%, por se tratar de uma cidade com 80% de seu território classificado como de proteção aos mananciais. Ou pelo menos deveria ser. Antes de coleta seletiva, há que se dotar a cidade de coleta e tratamento de esgoto.
SELETIVA (III)
O prefeito parece ter se explicado através das redes sociais sobre o episódio do caminhão de lixo. É preciso mais. Precisa dizer, com todas as letras, o que foi que aconteceu com o transporte da cesta básica, quem foi o responsável ou os responsáveis e parar com a conversa mole de que vai investigar o fato e abrir inquérito administrativo. Nunca se soube de nenhum resultado prático de inquéritos na Prefeitura. No Paço, vozes da rádio peão dizem que o prefeito, em muitos setores da administração, ou não manda nada ou não é informado de nada. Qualquer das duas hipóteses cabe perfeitamente no episódio do caminhão.
SELETIVA (IV)
Sobre o transporte de cestas básicas, os vereadores ficaram caladinhos. Ninguém abriu a boca para pelo menos cobrar punição aos responsáveis. Nada! Uma vergonha!
DIFICULDADE
Um experiente ex-vereador, com bom trânsito na política local, comentou dias atrás que o vereador Marcinho da Serra foi do céu ao inferno numa rapidez impressionante. De bem cotado para ser um prefeiturável mais adiante, deverá lutar com unhas e dentes em 2020 para ver se consegue a reeleição a vereador. “Ele perdeu a grande chance de se destacar se ficasse na oposição ao atual prefeito. Durante os últimos quatro anos foi seu crítico mais feroz. Porém, logo no início da atual gestão, resolveu aderir ao adversário, que o levou a deixar de ser referência ao eleitor e a muitos segmentos da sociedade”, disse o ex-parlamentar.
SINA
O mesmo ex-vereador complementou: “Parece sina, mas os políticos jovens de Mairiporã estão fadados a boas performances no Legislativo, mas conseguem com habilidade ímpar ‘naufragar’ depois de dois ou três mandatos”.
RETIROU
Conhecido na atual gestão como o ‘vereador dos requerimentos’, Marcinho da Serra retirou dois deles, de sua lavra, na sessão da última terça-feira. Assim, não conseguiu bater seu próprio recorde em 13 sessões, na comparação com o segundo período do atual prefeito à frente do Palácio Tibiriçá. No governo Pampuri, como principal aliado, fez o que faz agora, não incomoda.
DISPUTA
O vereador Carlos Augusto Forti parece ter encontrado um parceiro à altura na oferta de ‘parabéns’ a integrantes do governo municipal, sua especialidade. O número de ‘vivas’ e outros elogios é uma demonstração clara de que o prefeito vai navegar em águas tranquilas durante seu mandato. Ah!, sim, o parceiro de parabéns é o vereador Fernando Ribeiro, que não economizou na última sessão, e colocou no pacote o aniversário da esposa.
SILÊNCIO
Vereadores aprovaram o reajuste salarial dos servidores sem contestar a proposta vinda do Executivo. Ninguém se predispôs a discutir o projeto. Passou sem dificuldades. Também não se ouviu dizer que os funcionários compareceram à sessão para protestar. Diz o ditado que ‘quem cala consente’. Certamente os servidores estão satisfeitos com o reajuste dado.
SONÍFERO
O caro amigo leitor tem problemas para dormir? Nem mesmo consegue um cochilo? Tem medo de fazer uso de soníferos? Não se preocupe mais. Chegou o remédio que faltava. É tiro certo. Dorme em menos de 15 minutos, com direito a roncos bem sonoros. É só assistir a uma sessão da Câmara de Vereadores. Dá sono em estátua!
MOVIMENTAÇÃO
Dirigentes dos partidos políticos estão se movimentando nas esferas nacional e estadual visando o fortalecimento das siglas para as eleições de 2018. Em Mairiporã não é diferente. Há algumas semanas o PSC trabalha para aglutinar forças em torno do nome do ex-vereador Aladim, que deve disputar uma vaga como candidato a deputado. Não são poucos os parlamentares que o querem para uma dobradinha em 2018.
LEGENDAS
No embalo dessas movimentações, os dirigentes se impuseram a missão de fortalecer as legendas. Presidentes das siglas em Mairiporã vêm realizando encontros na busca de novos nomes para filiação. Nomes que podem ser candidatos mais adiante. Mas antes disso a maioria tem prazo até agosto para transformar a Comissão Provisória em Diretório Municipal.
IPTU
O artigo de nosso colaborador, Ozório Mendes, retrata bem o ‘modus operandi’ do atual prefeito. Para uma economia que muitos atestam ser ínfima, submeteu o contribuinte a toda sorte de sofrimento para quitar o IPTU. O mecanismo adotado este ano nunca foi visto na cidade e prejudicou o cidadão que quer pagar em dia seus impostos.
AS CONTAS
Prefeitos de muitas cidades paulistas ainda podem perder seus cargos em virtude da prestação de contas da campanha eleitoral do ano passado. Muitos já deixaram o cargo. Em Mairiporã, Antônio Aiacyda, segundo informações oficiosas de bastidores, corre esse risco, pois estaria sendo julgado em um processo que corre em segredo de justiça sobre doações supostamente irregulares que foram contabilizadas em sua campanha e que, portanto, não estariam em conformidade com a legislação. Como não se tem maiores informações, resta aguardar se de fato a Justiça Eleitoral tem ou não um processo contra ele nesse sentido.