Coluna do Correio 4/8/2017

FRASE
“A monarquia degenera em tirania, a aristocracia em oligarquia e a democracia em anarquia.” (Políbio, geográfo e historiador da Grécia Antiga)

EXPLICAÇÃO (I)
Comovente, para não dizer patética, a defesa que o líder do prefeito, vereador Augusto Forti, fez do governo, em relação aos gastos de R$ 500 mil (ou quase isso) no primeiro semestre, por parte da Secretaria de Esportes e Cultura. Ao esmiuçar os gastos, revelou que só com folha de pagamento, a pasta gastou R$ 353 mil, ou seja, 70% do total. Essa ‘explicação’ foi dada na primeira sessão legislativa deste segundo semestre.

EXPLICAÇÃO (II)
O vereador não disse, mas certamente conhece a estrutura da pasta de Esporte e Cultura, ou seja, nenhuma. Sem se dar conta, revelou que essa secretaria, com os gastos verificados, certamente está inchada de apadrinhados políticos.
REVELAÇÃO
As explicações do líder do prefeito ocorreram em razão da denúncia do vereador Wilson Sorriso, com direito a farto material fotográfico, sobre as condições das instalações esportivas, por sinal poucas, existentes no distrito de Terra Preta, completamente abandonadas, em precariedade absoluta. Nem mesmo o mato no entorno dos equipamentos é cortado.
CONSTATAÇÃO
O comportamento do vereador Augusto Forti, eleito pela oposição ao atual prefeito, é repulsivo. Nas eleições de 2004 ele foi não adversário, mas inimigo do seu atual ‘chefe’, com direito a insultos impublicáveis. À época, Aiacyda o classificou como o pior dos inimigos. Mas, em política, neste País, vale a bandalheira, sem que seus envolvidos sintam vergonha. Os inimigos figadais de ontem hoje trocam juras de amor. Inominável!
DÉCADAS
Ao fazer uso da tribuna da Câmara logo na reestreia legislativa, o vereador tucano Ricardo Barbosa, integrante da tropa de choque do prefeito, assinalou que a cidade tem muitos problemas de infraestrutura, mas que eles não serão resolvidos do dia para a noite. Muito simpático. O edil só se esqueceu de dizer que faz 30 anos que a cidade está ouvindo esse tal ‘do dia para a noite’. Dessas três décadas, uma é de responsabilidade do seu partido, o PSDB.
CALENDÁRIO
Nossos intrépidos vereadores aprovaram mais dois eventos que passam a fazer parte do calendário oficial da cidade. Depois da data ‘consagrada’ à competição de carrinhos de rolimã, agora teremos a Semana do Atleta e o Dia do Bombeiro Civil. A criatividade dos nossos vereadores não tem limites. Só para constar: as duas novas festividades foram de autoria do vereador Nil Dantas.
CUSTO ALTO (I)
O orçamento da Câmara de Vereadores para todo este ano é de R$ 8,82 milhões. Se em dezembro a devolução da ‘sobra’ repetir o saldo dos últimos anos, isso representará R$ 300 mil. Se abatermos isso do total, os gastos terão chegado a R$ 8,52 milhões. Esse montante, dividido pelos 365 dias do ano, representa um custo diário para o contribuinte mairiporanense de R$ 23.362,00. Por hora, esse custo é de quase R$ 1.000,00 (R$ 973,41).
CUSTO ALTO (II)
A fatura não envolve apenas os gastos com subsídios de vereadores e salários de assessores e funcionários efetivos. Não há dúvida de que um legislativo funcionando é sinal de vitalidade da democracia. Mas é bom não esquecer, contudo, que essa conta envolve quase 90 dias de férias dos parlamentares e apenas uma sessão por semana.
CUSTO ALTO (III)
Não que a conta nominal possa ser desprezada. Cada vereador recebe um subsídio bruto de mais de R$ 8 mil, e a esse valor somam-se gastos com celulares corporativos, cópias reprográficas, além do material diário de consumo. Para sorte do contribuinte a farra de cada edil ter direito a carro, motorista e combustível, acabou. Também não é menos verdade que nossos vereadores são os mais bem pagos da região.
CUSTO ALTO (IV)
Segundo observadores políticos, os gastos da Câmara só não são maiores porque o Tribunal de Contas e o Ministério Público (este ainda lentamente) estão a fiscalizar aqueles que deveriam ser os ‘fiscais do povo’, e porque as condições econômicas do município não permitem.
CUSTO ALTO (V)
O custo-benefício do vereador tem sido lesivo à população. Só se ouve falar em indicações que versam, há dezenas de anos, sobre os mesmos temas: construção de lombadas, patrolar e cascalhar estradas, limpeza de mato e de bueiros, corte de árvores, desobstrução de córregos, operação tapa-buracos, substituição de lâmpadas queimadas, denominação de ruas e concessão de honrarias.
ASSUSTADOR (I)
A política de Mairiporã está aposentando seus antigos líderes. Uns pela idade avançada, outros porque desistiram de participar de eleições. O atual prefeito é o último representante dos dinossauros em atividade. Muita gente boa ‘da antiga’ não quer mais ouvir falar em ter assento no Palácio Tibiriçá seja como prefeito ou vereador. Outro fator que colabora para isso tem sido as escolhas feitas pelo eleitorado.
ASSUSTADOR (II)
Pior que a aposentadoria de antigos quadros políticos é a renovação que tem acontecido. É assustador imaginar que a cidade estará entregue a gente sem capacidade, sem estudo, sem interesse pela causa pública, mas muito esperta para defender interesses nada republicanos. Nunca é demais repetir que nos últimos anos, das cinco cidades que integram a região, Mairiporã é a que registra menor desenvolvimento, por culpa exclusiva de seus governantes.
NÃO PASSA
Desde que a administração tucana voltou a ocupar o Palácio Tibiriçá não se ouviu dizer que o governador Geraldo Alckmin, que também é tucano, esteve por aqui. Visitou e liberou dinheiro a todas as cidades vizinhas. Gaiato, nosso mentor espiritual, não se fez de rogado e tascou: ‘Alckmin não passa em Mairiporã nem por terra (carro) nem pelo ar (avião)’. Não seria oportuno o prefeito bater à porta de seu ‘amicíssimo’ governador?
REFORMA (I)
Os vereadores devem estar atentos quanto aos movimentos de deputados federais e senadores em relação à reforma partidária, que deve ser votada até o final de setembro. Dentre as mudanças mais significativas estão o financiamento público de campanha, novas regras para a escolha de vereadores e deputados, fim das coligações nas eleições proporcionais e cláusula de barreira para o funcionamento dos partidos.
REFORMA (II)
Se a proposta do ‘distritão’ passar, os mais votados é que serão eleitos. Acabará a prática dos campeões de voto carregar junto os menos votados. Mas resta saber se será mesmo votada e se valerá para as eleições do ano que vem. Isso nos remete ao monge Giordano Bruno que, no século XVI, já dizia: “Que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder.”
EMBATE
O tão propalado embate político entre o sindicato que representa o funcionalismo público municipal e o Governo Aiacyda até agora não aconteceu. Passados oito meses da nova administração, tudo continua como dantes no quartel D’Abrantes. Funcionários mal pagos, reajustes inflacionários abaixo do percentual real e o propalado Plano de Cargos e Salários dormindo em alguma gaveta do Palácio Tibiriçá. Por outro lado, farta nomeação de funcionários comissionados muitíssimo bem pagos e que pouco trabalham.
‘PRESTÍGIO’
Não seria exagero, neste momento, dizer que 90% do funcionalismo público municipal fala mal do prefeito e da administração. Impressiona como em tão pouco tempo Aiacyda conseguiu ser unanimidade negativa entre os servidores. A julgar pelos comentários, é o prefeito com menor índice de popularidade entre seus comandados. Tirando, claro, os puxa sacos e os que ganham e não trabalham. A avaliação negativa de seu governo não se limita ao Palácio Tibiriçá. Por toda a cidade a frustração é geral diante do que foi prometido durante a campanha e o que de fato está sendo feito.
CHORORÔ
Aiacyda ainda mantém o discurso de que pegou uma Prefeitura quebrada, com muitas dívidas, frota e equipamentos sucateados, enfim, problemas de toda natureza. Como foi prefeito em dois outros períodos, fica a pergunta: se sabia como estava a Prefeitura e a situação econômica do País, por que se candidatou? Esse chororô é descabido.
ILUMINAÇÃO
O prefeito e os vereadores precisam se debruçar sobre as responsabilidades do município pelos ativos da iluminação pública. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) tem apontado essa questão em todas análises nas contas do Executivo que examina desde 2012. A Elektro, já há um bom tempo, não mostra o menor interesse em seguir responsável pelo serviço e o resultado são problemas que vão desde a simples troca de lâmpada até a recusa em solucionar questões mais complexas.