Coluna do Correio 23/3/2018

FRASE
“Vai, com jeito vai, até que um dia, a casa cai.” (Do cancioneiro popular)

O ANIVERSÁRIO
O que a população de Mairiporã tem a comemorar quando a cidade comemora 129 anos? Nada! Os problemas que coleciona remontam há 20, 30 anos, e a maioria dos políticos que hoje governa a cidade também estava lá atrás e as soluções, ajustes e mudanças e sperados nunca saíram do discurso e do papel.
O governo municipal, a exemplo do que ocorre em outras esferas, consegue empobrecer a população. Neste ano, em particular, com um aumento exorbitante da taxa de lixo, que aliado ao do IPTU revela a face perversa do Executivo, que em troca oferece o mesmo de sempre: promessas.
No campo dos salários do funcionalismo público municipal efetivo, a categoria recebeu 2,84% de reajuste inflacionário e 0% de aumento real, enquanto o combustível subiu 36%, a energia 41%, a água 38%, o gás 32% e os pedágios 26% em média.
Milhares de vezes os problemas que o cidadão enfrenta e que prefeito e vereadores fingem desconhecer foram temas de nosso noticiário: saúde precária, mobilidade urbana caótica, falta crônica de segurança, saneamento básico indecente, meio ambiente degradado, apenas para citar os mais gritantes. Há centenas de outros. O poder de destruição dos governantes, no entanto, é monstruoso.
Segundo denuncia feita por um vereador, esta semana, à lista interminável de problemas do Executivo será acrescentada a Previdência Municipal, que nas palavras do edil vai ser deficitária a partir de 2027.
Quase quintal de São Paulo, Mairiporã convive com situações absurdas, verdadeiras aberrações, que só a população enxerga. Se contarmos apenas com os políticos que a cidade tem em seu comando, não vemos possibilidade de se chegar a lugar algum em um futuro próximo e talvez soframos uma inadimplência total em breve.

OS PARTIDOS
Os partidos políticos em Mairiporã seguem naquela toada de mais de mil anos. Com as eleições à porta, ninguém se mexe, ninguém se reúne, enfim, a pasmaceira de sempre. Vão apoiar quem mais der. O PSDB vai votar em que Alckmin quiser. O PV está destroçado depois da derrota nas urnas em 2016. O MDB ainda deglute com muito amargor a perda da única cadeira que detinha na Câmara. O DEM e o PTB continuam em franca decadência e os demais praticamente inexistem dentro do cenário político. O PR se segura no ex-vereador Aladim, que vai se candidatar a deputado. Por isso a cidade não tem representatividade e vive de esmolas de emendas parlamentares. Se isso é ruim para o município, para seus ‘representantes’ não!
O CENTRO
Prefeitura vai reinaugurar o Centro Educacional durante os festejos de aniversário da cidade. Uma obra milionária, cujos recursos deveriam ser investidos em obras de infraestrutura por dezenas de bairros. Enquanto uns não têm água, asfalto, luz, esgoto e segurança, o dinheiro público destinado ao Centro Educacional sobra, jorra, não se esgota. Um prédio que hoje já custa, corrigido o dinheiro nele gasto, mais de R$ 7 milhões. E ninguém pode afiançar que as obras agora realizadas têm a segurança necessária. Como escreveu semana passada nosso colaborador Ozório Mendes, o secretário de Obras tem o dever e a obrigação de vir a público e explicar o que foi feito no local.
DINHEIRO (I)
Na maior cara de pau, fingindo desconhecer a lei, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mairiporã mandou missiva à Câmara, pedindo que fosse descontado o imposto sindical dos funcionários, referente a um dia de trabalho (que não existe mais) e depositar na conta do órgão. Nem recebeu resposta.
DINHEIRO (II)
E já que o assunto é sindicato, o que fez ou que atitudes foram tomadas em relação ao aumento real de salário dos servidores (que não veio) e as perdas nos repasses inflacionários dos anos anteriores? A assembleia realizada na semana passada definiu quais medidas serão adotadas? O pessoal do sindicato parece fazer escola com o prefeito: assunto incômodo, boca fechada.
CENA
Muita gente, principalmente os políticos que vivenciaram os anos efervescentes da política local a partir de 2005, diz que adoraria ver um, apenas um encontro público entre o prefeito Aiacyda e seu líder na Câmara, vereador Gusto Forti. Em 2005, o parlamentar foi um dos articuladores da Comissão Especial de Inquérito que acabou em processo judicial por conta da merenda escolar, a que o prefeito responde. Intrigante essa relação entre ambos, embora de políticos possa se esperar tudo.
FRASE
A frase que abre a coluna de hoje é perfeita para explicar o momento vivenciado por políticos brasileiros, inclusive muitos aqui da cidade.