Coluna do Correio 22/9/2017

FRASE
“Em alguns botequins da cidade se resolvem mais problemas que na administração pública.” (Saint-Clair Mello, pensador brasileiro)

TIRO NO PÉ
Não faz muito tempo, o prefeito Aiacyda deu um tiro no pé ao comunicar à população que vai enviar a protesto quem não estiver em dia com o pagamento de impostos, ou seja, inscritos na dívida ativa. O contribuinte vai ficar com o ‘nome sujo’. Preferiu peitar o povo a promover uma ampla campanha de esclarecimento e uma nova e última oportunidade de reparcelar os débitos, mas de forma inteligente (não seria exigir demais?). O segundo tiro foi na terça-feira, quando fez aprovar na Câmara um aumento de 40% na taxa de lixo cobrada dos contribuintes. O mais estranho nisso tudo é a vontade férrea do alcaide em levar rapidamente seu governo para o buraco.
ADVOGADO DO DIABO (I)
Líder do prefeito na Câmara, o vereador Gusto Forti (PTB) defendeu o aumento da taxa de lixo e, como sempre faz, tirou um calhamaço de papel do bolso e exibiu dados a respeito dos gastos que a Prefeitura tem com a coleta. Segundo ele, a Municipalidade gasta R$ 11 milhões por ano com esse serviço, mas só arrecada R$ 5 milhões, o que resulta num déficit de R$ 6 milhões.
ADVOGADO DO DIABO (II)
Como se fosse o arauto oficial, Gusto perguntou de onde o prefeito vai tirar dinheiro para cobrir esse gasto, se não for através de aumento da cobrança da taxa de lixo. De forma muito conveniente, o edil se esqueceu de dizer que a melhor alternativa para não penalizar ainda mais o contribuinte, que não aguenta pagar tantos tributos, seria exonerar pelo menos uns 100 funcionários comissionados, que nada rendem profissionalmente e custam uma fortuna aos cofres públicos. Mas aí certamente iria mexer com apadrinhados dos próprios vereadores que estão mamando na folha de pagamento da Prefeitura. A forma como o vereador bajula o prefeito embrulha estômago até de estátua.
OS MOSQUETEIROS
Como se fossem os três mosqueteiros, os vereadores Ricardo Vieira (PSDB), Wilson Sorriso (PSC) e Doriedson (REDE) decidiram votar contra o aumento da taxa, em defesa enfática da patuleia. Por pouco Ricardo Vieira, que é líder do PSDB, não disse clara e abertamente que está faltando gestão ao governo municipal na hora de buscar recursos de forma inteligente e igualmente quando o assunto é cortar gastos.
DESCASO (I)
Somente na edição do dia 14 deste mês é que a Secretaria Municipal da Saúde publicou no site da Prefeitura, que realizava desde o início de setembro a vacinação contra a febre amarela, e que no último sábado aconteceria o Dia D da Multivacinação. Até então ninguém sabia. Este jornal, ao longo das últimas quatro semanas, ligou inúmeras vezes para a Secretaria perguntando sobre as campanhas de vacinação e recebeu a promessa de que teria os dados. Nada recebeu!
DESCASO (II)
É vergonhoso, por parte da Secretaria Municipal da Saúde, deixar a mídia, que leva a informação a toda a cidade, sem os dados das campanhas de vacinação. E que não venha com a história de que afixou cartazes nas unidades de saúde, pois essas campanhas precisam ser amplamente divulgadas. Os motivos pelos quais a pasta sonegou informações a este jornal, não foram explicados, mas não é difícil imaginar.
DESCASO (III)
Essa prática da Secretaria não é de hoje. O desinteresse da pasta vem de longa data. Se o Correio, nos últimos anos, não insistisse em colher as informações, elas simplesmente não seriam dadas. Um absurdo em se tratando de saúde pública, de interesse da maioria da população. Mas há que se fazer justiça: durante a gestão de Glauco Costa, nos primeiros meses deste ano, as informações foram repassadas.
PRIMEIROS
É voz corrente nos corredores da Câmara que os mais expressivos ‘lambe-botas’ do prefeito serão os primeiros a lhe dar as costas nas próximas eleições. Só não enxerga quem não quer. Estão na base de apoio por puro interesse, embora a recíproca seja verdadeira, ou seja, o alcaide não quer se incomodado durante todo o seu mandato. Uma troca justa, levando-se em conta o perfil da nossa classe política.
BAIXO
O primeiro ano está chegando ao fim e o comportamento dos vereadores é o mesmo dos últimos vinte anos. O trabalho é considerado de baixo impacto, pois não são discutidos assuntos de interesse do cidadão e em defesa das questões sociais. O que se viu foram inserções de datas no calendário oficial, com as mais estapafúrdias sugestões, e a outorga farta de diplomas, medalhas e pergaminhos.
DIA DISSO…
…e dia daquilo foram recorrentes durante o ano, e transformaram o Calendário Oficial do Município num documento sem importância, motivo de piada por toda a cidade, o que dá a exata medida da qualidade da composição legislativa eleita no ano passado.
NORMATIZAR
A atual presidência da Câmara Municipal, a exemplo do que acontece em outras cidades, deveria implantar a tabela de temporalidade para classificação de documentos públicos. E o que isso significa? Atenção presidente! O fim de arquivos gigantes para milhares de processos, cópias de ofícios, relatórios que chegam ao Legislativo, mas que perdem sua eficácia em alguns anos. Fora os documentos de natureza histórica e de tombo legal e de arquivo documental, o restante não precisa mais ficar “estocado”.
GENTILEZA
Durante as sessões legislativas Marcinho da Serra tem nos brindado com a gentileza do tratamento ‘carinhoso’ de jornalzinho. Como é nossa praxe oferecer a recíproca, também vamos retribuir e tratá-lo, doravante, de vereadorzinho. Amor com amor se paga.
SINDICATO
O tempo passa! E o primeiro ano do governo Aiacyda também, assim como as promessas do Sindicato dos Servidores Municipais. Nenhuma foi cumprida: reajustes inflacionários, cujos repasses foram menores; os 4% restantes relativos a 2016 que não pagos; aumento real (considerado palavrão na Prefeitura) e o Plano de Cargos e Salários, que completa 17 anos da promessa de implantação. Duas gerações de servidores não tiveram o privilégio de ter o Plano. E pelo andar da carruagem, mais uma também não vai.
FOLCLORE
Mais uma história de Gaudêncio Torquarto, intitulada ‘Puxa quem pode’. Tempos eleitorais. Tempos de fidelidade e infidelidade. Guararé era cabo eleitoral do governador Sebastião Archer, do Maranhão. Convenção do PSD, alguém acusou Guararé de puxa saco. Guararé argumentou: – Cada um puxa quem pode. Eu puxo o senhor, governador Archer. O senhor já puxa o senador Vitorino Freire. E o senador puxa o general Dutra. É a lei da fidelidade partidária.