Coluna do Correio

FRASE

“A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes.” (George Bernard Shaw, dramaturgo, romancista e jornalista irlandês)

 

O SENADO É AQUI!

Quem assistiu a votação para escolha da presidência do Senado e quem assistiu a abertura do ano legislativo na Câmara de Mairiporã ficou com dificuldade de entender qual das duas sessões foi a mais vergonhosa, qual deixou claro que o povo é um mero detalhe, que não precisa de explicações. Povo, para senadores e vereadores, é algo surreal, que só se materializa a cada quatro anos. O desespero da tropa de choque do prefeito em aprovar um empréstimo de R$ 10 milhões para fins eleitoreiros (obras de pavimentação) foi patético. Um vereador, que em 2016 fez ‘o diabo’ para impedir a candidatura do burgomestre Aiacyda, hoje é um dos seus mais ferrenhos defensores. Um baba-ovo, abjeto, que provoca asco nas pessoas de bem. A esperança de que mudanças seriam feitas na Câmara ruiu diante das patranhas dos circuitos cerebrais dos vereadores. Tisnaram as próprias biografias.

 

PRÉ-ESTREIA

A prova de fogo da oposição na Câmara durou uma chuva de verão. No primeiro teste antes da sessão de abertura do ano legislativo não conseguiu nomear seus indicados para as duas principais comissões permanentes da Casa: Justiça, Legislação e Redação e Finanças e Orçamento. Segundo a rádio peão, enquanto os opositores ficaram deslumbrados durante o recesso, o alcaide tratou de reforçar a busca por apoios e indicar os ‘amigos’ para ocupar aquelas que eram de seu interesse. Tradução: parte da tropa de choque do presidente da Câmara roeu a corda. Quem conhece a política comezinha que se pratica em Mairiporã não se deixou enganar.

ESTREIA

A sessão inaugural do ano legislativo, na última terça-feira, serviu como termômetro para avaliar o que vem por aí. Os vereadores vão continuar rezando na cartilha do burgomestre, afinal não podem perder as boquinhas que conseguiram para cabos eleitorais dentre os comissionados da Prefeitura, e porque também estamos em ano pré-eleitoral. A formação de um bloco oposicionista, que se viu no ano passado, foi só um lampejo de lucidez que se desfez em seguida.

POSTURA

A votação do projeto de lei que autoriza o prefeito a emprestar R$ 10 milhões para investir em pavimentação (obras eleitoreiras) revela que nada mudou nos baixos e nos altos do Palácio Tibiriçá. Num ponto não se pode discordar do alcaide: ele conhece como manejar vereador, afinal foi duas vezes presidente da Câmara. Estranho seria se não conseguisse contornar a revolta iniciada no final do ano passado. A postura continuará a mesma de sempre. Ou seja, tudo seguirá ardilosamente urdido nos porões palacianos.

DIGNIDADE

Em meio a toda essa vergonha não se pode ignorar o comportamento digno do vereador Doriedson Antônio de Freitas, que prefere dar satisfações ao povo a se beneficiar de favores do Executivo. Sabe o que lê, sabe o que diz, vota conscientemente e estuda o que vai ser discutido e votado. Tem argumentos e sugestões na hora de definir aquilo que interessa à coletividade. Uma pena que apenas dois ou três têm essa consciência. Os demais têm interesses pessoais.

VÍDEO

O prefeito voltou a se utilizar de vídeo para explicar o inexplicável: o empréstimo de R$ 10 milhões, que vai deixar ao sucessor para pagar. Em determinado trecho disse que serão 10 quilômetros de ruas asfaltadas. Se esses números estão corretos, cada quilômetro pavimentado vai custar R$ 1 milhão. Galvão Bueno diria: “tá certo isso, Arnaldo?” Outra boa notícia é que os vídeos do prefeito agora são legendados. Pelo menos o problema de dicção do alcaide parece solucionado.

JANELA

Pelo menos três vereadores, em conversas reservadas, disseram com todas as letras que aguardam definição sobre as janelas partidárias – período durante o qual os legisladores podem mudar de partido, sem prejuízo aos mandatos, popularmente conhecido como ‘troca-troca’. Segundo o trio, se houver a possibilidade, estão indo embora, ou seja, deixam suas siglas rumo a outras que, no entender deles, tem melhores chances eleitorais em 2020.

TESOURA

Prefeitos tucanos que aderiram a Márcio França nas eleições do ano passado já estão sentindo na pele, e no bolso, ‘o troco’ da gestão João Dória. Contratos e convênios começaram a ser cancelados e quem contava com novos recursos e obras encaminhadas pelo ex-govenardor lamenta a opção feita em outubro do ano passado. Em especial os tucanos que piaram fora do ninho. Pelo que se sabe de Dória, nem direito aos ‘jus esperniandi’ os prefeitos têm.

SECOU

Dos 35 partidos políticos brasileiros 14 ficaram sem receber o Fundo partidário a partir de sexta-feira, 1, porque esbarraram na cláusula de barreira. Segundo o TSE, esses partidos não obtiveram no mínimo 1,5% dos votos válidos nas eleições para a Câmara, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas ou ainda porque não elegeram pelo menos nove deputados federais distribuídos em pelo menos um terço das 27 unidades da Federação. A torneira secou e ficam fora do rateio o Rede, Patriota, PHS, DC, PCdoB, PCB, PCO, PMB, PMN, PPL, PRP, PRTB, PSTU e PTC.