Clarissa e Isabella

Ganhei dois cactos e os nomeei como Clarissa e Isabella. Clarissa veste um vaso azul, enquanto Isabella veste um vaso vermelho. Antes de tudo, gostaria de esclarecer que o nome Isabella não está relacionado com nenhuma Isabela que eu possa ter conhecido durante a minha vida. Simplesmente olhei para o cacto com espinhos avermelhados na ponta e pensei: “Isabella”. Já Clarissa demorou um pouco para vir. Pensei em Luiza, Clara, Clarisse… Clarissa. Mais uma vez, sem nenhuma explicação plausível.
Ganhei dois cactos e a primeira coisa que fiz foi seguir as instruções da minha mãe de regá-los um pouco. Mais tarde pesquisei na internet o que era necessário fazer para cuidar adequadamente de um cacto. Foi quando li em vários sites que a quantidade ideal de água seria uma colher de chá por semana. Logo pensei: “Matei Isabella”. A quantidade de água que eu coloquei tinha sido umas cinco ou seis vezes maior do que apenas uma colher de chá. Em Clarissa deve ter sido apenas umas duas ou três vezes maior. Mais uma vez, sem motivo aparente.
Ganhei dois cactos e a segunda coisa que fiz foi pesquisar o que fazer para recuperar um cacto que esteja se afogando em água. Admito que a pesquisa não foi profunda o suficiente para que achasse um resultado. Mas na pesquisa reparei que era importante deixá-los em áreas com sol.
Ganhei dois cactos e no dia seguinte abri a janela na esperança de deixar o sol entrar para iluminá-los. Mas o dia estava nublado. Aquele nublado que não chega a ser cinza; é branco. Branco e claro. Resolvi mudar os cactos de lugar e deixá-los ao ar livre. Podiam até não ter contato com o sol, que estava tampado, mas pelo menos iam conhecer a claridade.
Ganhei dois cactos e me perguntaram os significados dos cactos. Eu não sabia. Até que fui pesquisar. Gostei do significado, mesmo que a intenção inicial de cuidar de um cacto não era que tivesse um significado. Mas, afinal, tudo que fazemos na vida tem algum significado, principalmente aquilo que decidimos cuidar. Eu decido cuidar dos cactos.