Cidades educadoras

A minha profissão de educador me possibilitou acostumar com o mês de janeiro como o meu período de férias, pois é o quando temos as ‘férias escolares’. Nele sempre reservo um tempinho para reorganizar minha estante de livros e, evidentemente, nela há um espaço reservado para os múltiplos livros que tratam de educação.

Neste janeiro me reencontrei com o livro “Cidade Educadora, princípios e experiencias” dos autores Moacir Gadotti, Paulo Roberto Padilha, organizado por Alicia Cabrezudo. Ele foi editado pela Cortez e faz parte da coleção “Cidade Educadora”, com iniciativa do Instituto Paulo Freire e da Oficina Regional das Cidades Educadoras da América Latina.

Esse livro foi um presente de minha amiga Eloisa Brilha que trouxe de Porto Alegre, quando participou do Fórum Mundial de Educação em 2004. Em sua dedicatória Eloisa menciona “Um educador nunca desanima. Persevera sempre, mesmo nos momentos adversos. Quis a mão de Deus, que aqui estivesse, para poder ver e crer, que existe um outro mundo possível, graças a educação pública e de qualidade. A educação não é uma mercadoria é um direito de todos”

Eu conheci a professora Eloisa na escola Nide Zaim Cardoso, atuou como coordenadora pedagógica e quando fui secretário de Educação de Mairiporã, no governo do prefeito Arlindo Carpi (1997-2000), ela fez parte de nossa equipe gestora pedagógica e contribuiu muito na implantação do Ensino Fundamental – Anos Iniciais na Rede Municipal de Mairiporã.

Na sua ‘orelha de capa’ do livro a instituição ‘Cidades Educadoras América Latina’ vinculada a Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE) destaca: “A Cidade Educadora entende o meio urbano como um espaço de múltiplas dimensões de convivências e de relações humanas baseadas no respeito, no tratamento positivo da diferença, na informação e na participação. Além disso, entende a vida urbana como uma proposta solidária para combater o sofrimento e a desigualdade e conseguir uma maior coesão social, que só será possível numa sociedade democrática. Entende também a educação como um processo de crescimento e transformação permitindo que as pessoas sejam mais livres e solidárias, com mais possibilidades de levar uma vida plena”. Aprofundei meus conhecimentos sobre Cidades Educadoras iniciando uma especialização na UNINTER, anos atrás.

O site da AICE indica que na América há 98 municípios que já estão associados no ‘Programa Cidade Educadora’. Destaque para o Brasil com maior quantidade tendo 41 municípios associados, seguido pela Argentina com 29 cidades e o México com 18 municípios associados. No estado de São Paulo as cidades que adotaram a estratégia de oferecer o melhor para seus munícipes com o Programa Cidades Educadoras anunciada no site são: Guarulhos, Mauá, Santo André, Santos, São Bernado do Campo, São Carlos e São Paulo.

O papel das cidades educadoras inclui questões sociais, econômicas e políticas com foco em um projeto cultural e educativo que promova a convivência e inclusão de todos os cidadãos – crianças, adolecentes, adultos e idosos.

“Uma Cidade Educadora é aquela que, para além de suas funções tradicionais, reconhece, promove e exerce um papel educador na vida dos sujeitos, assumindo como desafio permanente a formação integral de seus habitantes. Na Cidade Educadora, as diferentes políticas, espaços, tempos e atores são compreendidos como agentes pedagógicos, capazes de apoiar o desenvolvimento de todo potencial humano”, explica o site oficial do programa.

O interesse de um município em fazer parte desse projeto deve ser manifestado diretamente pelo prefeito. Para isso, precisa enviar um projeto para a Câmara de Vereadores, e somente após a aprovação a prefeitura pode enviar os documentos à sede da associação para que o município seja credenciado, orienta o site da AICE.

 

 

Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.