Celulares proibidos nas escolas

Meus alunos deste ano em sua maioria nasceram em 2009. Uma geração que se deu por gente no tempo em que todos já possuíamos celulares. Não falo daqueles de botões que você deve estar pensando, mas sim os “smartphones”. No Brasil, atualmente, estima-se que há mais aparelhos móveis do que pessoas, e os chamados celulares servem para tudo e pouco para telefonar. Eu mesmo estou usando um desses para fazer nascer esse texto a partir de dois polegares, acredite!

O que era para ser uma facilidade para as ligações, deu lugar para as mensagens instantâneas, que enviamos e recebemos o dia de todo freneticamente. Se não dermos conta, vamos ficando escravos.

O primeiro dia de aula trouxe a novidade das novas legislações federal e estadual, que proíbe o uso de aparelhos celulares nas escolas, até mesmo nos períodos de intervalo. Nem precisaria formular leis se não tivéssemos perdido a noção de que é preciso ouvir os mestres.

Como convencer sobre isso em uma sociedade em que tanta gente sequer deixa o celular nem mesmo a mesa para se alimentar? Confesso que deu uma nostalgia olhar para os alunos em um cenário sem a presença dos aparelhos. Lembrei de mim nos tempos da escola Hermelina, em que nada disso existia. A gente se divertia mesmo era chutando a bola, em um pega-pega ou esconde-esconde.

Os jovens destes tempos tão antenados, se mostram tão frágeis emocionalmente pensando que tudo é para sempre. Mesmo uma espinha na ponta do nariz parece que nunca irá embora. Amam e odeiam com facilidade achando que vai durar o resto da vida.

Não percebem que tudo muda e que no final das contas quem vai ficar por último e até o fim de verdade serão aqueles que não enxergamos, não imaginamos e talvez nem fazemos por merecer.

Não sei se vai dar certo ou por quanto tempo vai ser possível fazer com que essa galerinha permaneça na escola sem os seus celulares. Nós, professores, precisaremos de todo nosso talento e paciência para roubar a cena do mundo e continuar sendo interessantes a ponto de provocar esses alunos para a aprendizagem. Como é bom encontrar alguém que diz que sabe mais hoje que antes por alguma coisa que pudemos deixar neles.

Sigo tentando ser bom aprendente para então ser bom ensinante, como foram os meus mestres, e com sem celular pude no tempo que me coube, recolher os fragmentos que hoje utilizo como matéria prima para ser quem sou, sabendo que há tanto que não consigo ser ainda.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”