Capítulo II – Controvérsia e Opinião

Saber Fazer e Fazer Saber – década de 1990
IV – A UNANIMIDADE É UM ABSURDO (final)
2- Quando o grupo aprova ou rejeita unanimemente, algo está errado e há que se avaliar o processo para se localizar o problema, caso contrário corre-se riscos imprevisíveis. Quando a maioria obtida – a favor ou contra – é discrepante (para mais ou para menos) em relação à curva normal, o recomendável é a análise detida dos antecedentes remotos e imediatos para que se compreenda o porquê daquele comportamento. A opinião individual muda com frequência em razão de seus elementos formadores e a comunicação recebida pela pessoa é interpretada conforme seu universo constituinte. Em um grupo de cidadãos, ao se buscar a opinião pública, as opiniões individuais e a percepção de cada um comporão um caldo que poderá alimentar um consenso momentâneo. Qualquer fator poderá alterar o rumo do debate ou mesmo de uma deliberação em andamento. Bastaria, por exemplo, uma reação facial a algo que esteja sendo colocado para predispor os participantes.
3- A opinião pública é “dinâmica, mutável e racional”, segundo Teobaldo de Andrade, e aqueles que administram a controvérsia devem estar cientes disto. Napoleão Bonaparte disse que a “opinião pública é uma potência invisível a quem ninguém resiste: nada é mais móvel, mais veraz e mais forte”, enquanto para o Papa PIO XII, “a opinião pública é o apanágio de toda sociedade normal composta de homens”. Tantos outros vultos também exultam a opinião pública que, às vésperas do terceiro milênio (ar*1991), ainda carece de maior compreensão por parte daqueles que a compõem. Costuma-se comparar a corrente de opinião com a corrente marítima, mas Lulu Santos cantando os versos de Nelson Motta em Como uma Onda nos permite outra associação: “Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa/ Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas/ Como um mar/ Num indo e vindo infinito (…)” e parece se dirigir a quem não é bom entendedor quando canta: “Tudo que se vê não é/ Igual ao que a gente viu a um segundo/ Tudo muda o tempo todo no mundo/ (…) / Como uma onda no mar!”
(*) ar- ano de referência