Câmara teve ‘enxurrada’ de indicações e proposituras sem relevância em 2019

OS VEREADORES de Mairiporã, num ritual quase centenário, apresentaram em 2019, durante as sessões, uma ‘enxurrada’ de indicações, moções, requerimentos e de proposituras sem relevância, que nos meios políticos são classificadas de ‘perfumaria’.
Os dados são do sistema do Legislativo, que aponta que 1.014 indicações foram feitas pelos 13 parlamentares, pedindo soluções para problemas que a Prefeitura não realiza e, pela repetição dos temas, não tem interesse em solucioná-los.
Poda de árvores, buracos em ruas, colocação de redutores de velocidade (lombadas) e outros pedidos de melhorias em serviços públicos são alguns dos temas que estiveram na pauta dos vereadores.
Já em relação as leis ordinárias, foram 102, muitas relativas à inserção de datas no calendário de eventos da cidade ou de denominação de ruas. Não se pode esquecer da concessão do Titulo de Cidadão Mairiporanense, que há muitos anos deixou de lado a meritocracia para dar lugar à banalidade.
Também constam da estatística: 111 moções de apelo, 1 de apoio, 18 de congratulação, além de 114 requerimentos, cuja maioria quase absoluta não obteve resposta do Executivo. Se teve, não foi dada a conhecimento público.
Em relação a 2018, as indicações (993) aumentaram 2,11%, aumentos também registrados em moções e requerimentos.
Números que na análise do editor do Correio Juquery, Wagner Azevedo, com experiência de 11 anos no Legislativo, é uma forma antiga de atuar e de ‘representar’ o povo, sem resultados práticos. O custo-benefício é nenhum para a sociedade.
“Muitos se perguntam: os políticos locais trabalham pouco ou muito? Nem uma coisa, nem outra. A lógica do trabalho parlamentar eficiente não deveria passar pela quantidade, mas pela qualidade. Não há debate público, audiências para a discussão de projetos são ‘prato pronto’, a análise dos projetos nas comissões permanentes está longe de ser técnica, e na maioria das vezes feitas com rapidez exclusivamente em favor do interesse político”, assinalou Wagner Azevedo.
O analista considera que não houve mudança na produção e no trabalho dos vereadores, que focam seus mandatos nos interesses pessoais e eleitoreiros e não fazem uso do mandato para questionamentos e fiscalização ao Executivo. As composições legislativas em Mairiporã tem feito uso do varejo, em busca do voto localizado, em detrimento àquilo