Cadê os candidatos?

Se o mar não estava para peixe antes da greve dos caminhoneiros, que dirá agora. Os candidatos às eleições de outubro sumiram, muito provavelmente para não explicar a maior crise de abastecimento dos últimos anos, que refletiu em cheio em todas as áreas da atividade econômica.
O eleitor já deu mostras, antes mesmo das paralisações por todo o País, que está de saco cheio daqueles que em seu nome fazem tudo o que há de mais condenável que possa existir numa Nação que mais parece terra arrasada. No dicionário dessa gente a palavra democracia tem sinônimos estranhos: falcatrua, roubalheira, corrupção, mordomia e um cinismo de fazer corar estátua. Se já estavam sumidos das ruas, para não ter que dar explicações ao povo, durante a greve se omitiram vergonhosamente.
Ainda assim, uma gama de caras de pau se lança candidato (só à presidência da República são mais de dez).
Em Mairiporã o assunto eleição, pelo menos no que diz respeito ao parlamento municipal, é assunto proibido. Discursos e posicionamentos dão lugar ao mais absoluto silêncio e alguns dizem que vão sair às ruas, durante a campanha, depois de esfregar óleo de peroba na cara, para pedir votos aos paraquedistas de sempre.
Esse quadro, a menos de quatro meses das eleições gerais, é assustador e não permite que o cidadão vislumbre ao menos uma mísera vela no fim do túnel. Os políticos, de forma geral, ou estão sendo acusados em delações premiadas, ou estão respondendo a inúmeros processos ou estão presos.
Sem considerar os mais de dez candidatos a presidente, cuja maioria se lançou para buscar recursos financeiros em benefício próprio, nos demais cargos em disputa muito pouco se ouve falar. Quem conhece um mínimo que seja de política sabe perfeitamente que 90% desses nomes são velhos conhecidos do eleitor e também da polícia.
Este é o momento em que a opinião pública, de forma geral, precisa dizer alto e bom som tudo o que está engasgado e que foi engolido a seco. O que não é pouca coisa. O eleitor, em boa medida, tem que ter vergonha na cara e varrer esse bando de ladrões da vida pública. Embora pareça fácil, não é.
Com um quadro dantesco como esse, seria até ingenuidade perguntar: cadê os candidatos?