Beligerância

O terceiro mandato do prefeito Antônio Aiacyda, quando chegar ao fim, terá deixado uma marca: o chefe do Executivo com maior poder na Câmara de Vereadores, desde que foi eleita a primeira composição legislativa, em 1948 e que iniciou o mandato em 1949. Ou seja, em 70 anos de história, nunca se viu tamanha intervenção.
Quem conhece um pouco de política sabe que isso vai ter um preço mais adiante, quiçá nas eleições do ano que vem. O clima vivenciado nas instalações do Palácio Tibiriçá é de beligerância e não há nenhum indicativo de que isso possa ser controlado.
O que causa espanto nas pessoas de bem, é como um poder se submete a outro de forma tão vergonhosa, de um cinismo ímpar.
O que ainda sustenta o parlamento municipal em pé são quatro vereadores tachados de oposicionistas, que não se curvaram à vontade quase imperial do prefeito.
Na terça-feira essa guerra ganhou contornos absurdos, com a ameaça de cassação do vereador Doriedson de Freitas, hoje o principal opositor dos desmandos do Executivo. A alegação beira a pilhéria, sob o comando do líder do alcaide, vereador Gusto, que já se transformou no autêntico ‘Corcoran’ do reino.
O governo Aiacyda, desde o final do ano passado, passa recibo de que a oposição, ainda que em menor número, tem feito estragos em sua terceira passagem pela Prefeitura, e vai provocar tsunamis com o passar do tempo.
A tentativa de ameaças de cassação, já feita anteriormente pelo mesmo líder do prefeito contra Wilson Sorriso, e que virou a piada do ano, é um ingrediente clássico de quem está desesperado.
Essa beligerância na Câmara é mais uma mostra inequívoca de que a maioria não está preocupada com os problemas da cidade, com os anseios da população. O negócio virou briga pessoal, uma contenda de energúmenos. Tudo em nome de favorecimentos junto ao gabinete do prefeito.
Já se disse uma vez que o prefeito achava que era Deus. Nestes tempos, a coisa mudou: Deus é empregado do prefeito.