Bateria

Tenho plena certeza que a única coisa que impede, pelo menos por agora, que os seres humanos se fundam definitivamente com os aparelhos eletrônicos, é a bateria deles. Afinal, sempre chega aquele momento do dia que se tem que colocar o celular, computador ou o aparelho que seja para carregar.
Na tentativa de evitar que a fusão aconteça, parece que as marcas planejam seus eletrônicos para que suas baterias acabem no momento em que mais precisamos deles. Quem nunca viu seu celular morrer logo antes de fazer uma ligação, ou precisou correr para enviar aquela mensagem importante antes da contagem de carga chegar a 0%?
O que parece uma disfunção é, na verdade, nossa salvação. Se a bateria do seu celular dura pouco, agradeça. Talvez essa seja a oportunidade de viver um pouco da vida real, descolado da telinha brilhante que nos chama tanta atenção e que, por vez, nos é tão útil.
É possível imaginar, hoje, ir a algum lugar sem consultar um mapa virtual? Combinar algo sem ser via WhatsApp? Se pudéssemos, não deixaríamos de lado os nossos aparelhos, já que eles fazem tudo aquilo que não conseguimos, não queremos e não podemos fazer sozinhos.
Talvez eles, os aparelhos, também precisem de um descanso. Por isso, se acabam as baterias. É o único momento de distância, mesmo que forçada, nos dias atuais. É o mais próximo que chegamos do natural. É quando temos que pensar, falar e fazer por nós mesmos. Quando acaba a bateria, temos que ser humanos, sem outra opção. Mas logo estará recarregada e poderemos voltar ao nosso confortável mundo tecnológico.