‘Barraqueiros’

Neste artigo, caro leitor, tomei a liberdade de abordar um assunto que durante pelo menos duas décadas foi caro à população de Mairiporã.
A festa mais tradicional da cidade, a Festa da Primavera, que não é realizada há anos, sob a alegação de que o momento econômico não permite gastos com esse tipo de evento, volta agora neste final de semana. Esse evento, a bem da verdade, no início dos anos 2000, foi praticamente dizimado. O que era para ser um congraçamento entre a população e as entidades sociais, assistenciais e filantrópicas, se transformou em um vale-tudo em que o dinheiro, longe de atender aos requisitos para os quais foi criada, de ajudar as instituições, passou a ser dividido com barraqueiros, em especial os que comercializam bebidas alcoólicas, o que trouxe à reboque o que de pior se tem nas Zonas Norte e Leste de São Paulo. O resultado foi o afastamento por completo da sociedade mairiporanense, que enxergou nas mudanças uma forma de dizer ‘não venha mais’.
E o que dela, a festa, restou, será agora realizada, no novo espaço criado para eventos pelo então prefeito Márcio Pampuri. Se o espaço é ideal, o momento está em desacordo com a lei, de número 1.019, de 28 de setembro de 1983, que criou a festividade e fixou seus propósitos e o período de realização: diz textualmente a lei que será sempre na primeira quinzena de outubro de cada ano.
É uma indignação assistir aos mandos e desmandos do senhor prefeito. Sem qualquer cerimônia passa por cima da lei, deixou de realizar o evento durante vários anos e agora nem o período constante em lei é respeitado.
Todas as cidades que conheço e que tem em seu calendário oficial festas tradicionais, nunca deixaram de realizá-las. Se dinheiro público não havia, buscava-se o privado, de forma criativa, participativa e com apoio irrestrito da sociedade.
Infelizmente em Mairiporã a festa maior da cidade virou um negócio para ‘barraqueiros’, em todos os sentidos que essa palavra possa ter.