O jogo que sempre se jogou na política brasileira foi o da distribuição de cargos para aliados políticos, sejam eles competentes ou não para o serviço a que são indicados. É uma partilha que, acima de qualquer outra consideração, visa a consolidar alianças para manter no poder o grupo político de ocasião, seja ele qual for e o maior tempo possível. Sempre que são questionados sobre o assunto os chefes de Executivo – municipal, estadual ou federal -, a resposta é que “no mundo inteiro” os governos se formam dessa maneira.
É meia verdade.
A parte verdadeira é que, por óbvio, ninguém convida inimigos ou adversários políticos para governar. A inverdade é que – diferentemente do Brasil – em países de democracia consolidada os acordos se dão em torno de programas partidários, visando a sua implementação, pois aprovado nas urnas pelos eleitores. Por aqui, essa conduta tornou-se tão degenerada que ganhou apelidos pejorativos, como a prática do “balcão de negócios”, do “toma lá dá cá” ou do “é dando que se recebe”, pervertendo-se completamente o sentido da bela Oração de São Francisco.
Por óbvio, uma prática desse tipo não se encerra nela mesma, pois, exceções ressalvadas, o cargo torna-se trampolim para o cometimento de diversos descaminhos do dinheiro público.
O prefeito Antônio Aiacyda e seus aliados, que antes da assunção ao poder, especialmente em relação ao antecessor, Márcio Pampuri, criticavam tal prática, passaram a usá-la à larga, nomeando e demitindo ao sabor dos acontecimentos, sem que os interesses da cidade sejam minimamente preservados. Assim, já passou o tempo de se acabar com essa prática deletéria.
Ações prejudiciais ao interesse público continuam em marcha na cidade, sem que aqueles que deveriam defendê-lo (o interesse público, claro) o façam de modo a respeitar a liturgia do cargo e a cidade de modo geral.
Não se debate aqui como as coisas são feitas na Prefeitura, com aval da maioria de vereadores, mas os meios que o prefeito se utiliza para aprová-las. Dentre elas as nomeações de cabos eleitorais, que consequentemente permitem a coação na hora de se aprovar o que é de restrito interesse do governante, não do povo.
Lá na frente vão concluir que muito (ou a maior parte) do que foi aprovado em favor do Executivo, não atendeu àquilo que o povo esperava, pois em qualquer lugar do mundo é difícil chegar-se a um bom resultado usando-se métodos poucos ou nada republicanos.