Ayrton Senna foi o melhor

Quando Tina Turner dedicou “The Best” diante de um público com mais de quarenta mil pessoas na Austrália em 1993, estava emocionada ao ver Ayrton Senna no palco e se declarou admiradora do brasileiro, demonstrando o quanto sentia admiração. Uma das rainhas do rock mundial, a cantora faleceu há quase um ano, mas essa apresentação junto do piloto é lembrada até hoje pelo mundo afora.
Eu já escrevi aqui a respeito das minhas lembranças daquele primeiro dia de maio, mas esta semana, quando completamos trinta anos da partida do ídolo, quero lembrar a você, leitor, a razão pela qual Tina Turner e milhares de pessoas olharam para Ayrton, atribuindo o adjetivo: “melhor”.
Trazendo para a gramática da língua inglesa, o termo superlativo é irregular: “best”. Justo para falar de Senna, já que não cabem comparações para o mito do esporte, que com a sua partida modificou para sempre o sabor das manhãs de domingo.
Para que estas palavras não pareçam narrativa de fã, me apego ao dever jornalístico de alguns fatos. Quando se trata de automobilismo e tenho certeza que nós brasileiros somos apaixonados dentre outras coisas, por automóveis, é indispensável pensar qual momento de uma corrida é aquele em que pensamos ser um piloto muito bom e muito rápido?
Se você pensou na parte da classificação, está correto, já que nesta etapa as condições são iguais, quanto aos pneus, temperatura e disponibilidade de combustível. A tomada de tempo que antecede as corridas é o chamado momento que se separam os homens dos meninos, para utilizar uma expressão popular.
Pois bem, no caso de Senna, era comum colocar um segundo de vantagem em seus companheiros de equipe.
Sobre como Senna guiava na chuva, seria covardia. Não quero entrar nesse assunto e utilizá-lo como argumento. Prefiro citar então ao local mais difícil, onde é necessária grande coragem, habilidade e concentração. Falo dos circuitos de rua e o mais tradicional e difícil de todos eles se encontra no principado de Mônaco, onde até hoje Ayrton Senna é o rei, tendo vencido seis vezes.
Não houve mais nenhum brasileiro depois dele que pudesse alcançar tamanho carinho de milhares de pessoas, não apenas no Brasil. Me lembro de brincar de corrida e ninguém queria ser o “Piquet” nas brincadeiras. Todos queriam ser aquele cara que vencia e pegava a bandeira brasileira. Era um momento em que não tinha essa de brasileiro “vira-lata” ou coitadinho.
Mesmo quem não gostava de corrida, gostava dele. Se você ainda hoje escutar o “tema da vitória” e não sentir nada, talvez tenha esfriado demais o seu olhar para a vida ou falte um pouco de patriotismo nesse coração.
Como herói que foi, deixou a vida da maneira mais heróica: fazendo o que amava fazer. Quando sofreu o acidente, liderava a corrida em Ímola. No mês seguinte, a seleção de futebol levantava a copa do mundo e dedicava também a Senna o feito do quarto título. Ayrton Senna do Brasil!

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”