Avestruzes

Quem tem ‘saco’, é esse o termo mais apropriado, para acompanhar as sessões legislativas, não têm outra impressão a não ser a de que os vereadores não conseguem enxergar quais os reais problemas enfrentados pela população.
Em apresentação de moções, requerimentos e indicações, deixam transparecer que não há problemas na cidade, a não ser ruas e estradas que necessitam ser cascalhadas e um infindável número de operações tapa-buraco. E faz tempo que esses dois temas dominam o cotidiano dos senhores parlamentares.
Quando a questão é olhar para os anseios populares e a solução de problemas graves, em vários setores da administração municipal, fazem como avestruzes: enfiam a cabeça na terra e nada enxergam.
Esta semana o Tribunal de Contas divulgou relatório sobre obras atrasadas ou paralisadas, ou ambos os casos, em todo o Estado de São Paulo, com números assustadores. Mairiporã é citada com três obras paralisadas, que envolvem recursos da ordem de R$ 3 milhões. Além dessa questão, o prefeito, claro que com anuência legislativa, vai gastar um dinheirão para a execução de um projeto de reforma de um hospital que ainda não foi inaugurado, para nele instalar um AME, que ninguém sabe se será mesmo liberado pelo Governo do Estado. Até dentro do próprio governo fala-se abertamente que Dória não vai liberar o Ambulatório. Uma oportunidade para o prefeito vir a público e falar o que de fato ocorre com essa promessa feita à população, durante as eleições de 2018.
Problemas não faltam e datam de muito tempo. Mas nossos intrépidos edis seguem a vida como se aqui fosse o paraíso na Terra. Vereadores, a bem da verdade, trabalham no varejo, evitam o atacado e, se possível, nenhum dos dois.
Quem sonhar com o paraíso quase possível neste mundão de Deus, basta assistir uma sessão de Câmara às terças-feiras. Salvo raríssimas exceções, raras mesmo, pode ser que algum vereador lhe apresente Adão e Eva.