Desde que o mundo é mundo, nas relações há diferenças e desentendimentos. Com o advento da televisão, trazendo para as telas a vida sendo retratada nas novelas e nos filmes, as brigas passaram a ser representadas por meio de suas cenas, cenários e personagens. Uma boa briga não é e nunca vai ser apenas assunto da ficção. Basta uma divergência mal resolvida que o couro come.
Ocorre que nas últimas décadas a velocidade de tudo ficou acelerada. A tecnologia modificou as coisas e as gerações x,y,z… com as mudanças que chegam tão rápido, multiplicam o que chamamos de conflito. Dado ao embate ético se confrontam crenças, valores e princípios. Os conflitos são essas diferenças que nascem de interesses, desejos, valores, aspirações e toda diversidade no convívio.
Nesse contexto surge o papel do indivíduo com perfil apaziguador: aquele que naturalmente consegue diante de situações de pressão e cobranças, desenvolver a habilidade de ter equilíbrio emocional a ponto de desempenhar a função de mediador de conflitos. Mediador é aquele que ouve as partes e não toma partido, ao contrário, mostra interesse em compreender as razões de cada um.
No contexto jurídico há inclusive um setor responsável por mediação e esta, bem feita, por vezes diminui a demanda de juízes e promotores em julgamentos que são evitados, uma vez que o entendimento nasce antes em uma sala onde um mediador consegue estabelecer diálogo e entendimento.
Já solidifiquei muitos relacionamentos com pessoas que amo, depois que os sentimentos e valores foram postos a prova em um conflito. Algo que foi dito sem medir as consequências dos atos e das palavras ou mesmo omissões que humanamente cometemos até mesmo com os que amamos.
O conflito trouxe o desentendimento e até a mágoa, mas no momento certo, trouxe também uma maturidade que deixou ainda mais sólida boas amizades. É preciso todos os dias enfrentar ações que nos causem medo de verdade. Só desta maneira a gente cria casca, cresce e vira gente.
Se viver não é fácil, se relacionar é uma arte que eu e você, leitor, vamos morrer aprendendo.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb