Atraso

Estávamos atrasados. Não lembro muito bem com isso aconteceu. Será que gastamos tempo demais batendo papo ao invés de ir almoçar? O que sei é que quando chegamos à praça de alimentação do shopping, já estávamos atrasados. As filas eram grandes e tudo que tínhamos era cerca de 30 minutos.
Para completar, eu e Malu, minha colega de faculdade e de trabalho, decidimos que íamos almoçar em um dos restaurantes de maior fila. Não, a escolha não foi proposital. O que acontece é que algum problema no sistema dos caixas fez com que a fila ficasse travada por alguns (vários) minutos. E ainda dizem que o que está ruim não pode piorar.
Quem também não colaborava para o andamento da coisa eram os próprios clientes. Até porque, se existe um cardápio, qual é o sentido de perguntar ao atendente quais os ingredientes de cada uma das opções? Tanto eu, quanto Malu, estávamos indignados com a situação e admito fizemos um comentário ou outro, ali, entre nós. Mas, talvez, apenas talvez, outros tenham ouvido nossa conversa em tom de revolta. Isso porque a moça e o rapaz que estavam à nossa frente fizeram questão de perguntar cada um dos componentes do pedido (Vem carne moída? E queijo? Qual é o nível da pimenta?)
Quando chegou nossa vez, só nos restavam 10 minutos entre o tempo de sair do shopping e chegar ao ponto de ônibus. O pedido, fizemos rápido (não perguntamos sobre o ponto da carne ou sobre a pimenta). O problema foi, obviamente, o tempo de a comida ficar pronta. Muita gente, muitos pedidos. E ainda uma quantidade exagerada de funcionários recolhendo pedidos para entrega em outros lugares.
Comemos na velocidade da luz. Para depois descobrirmos que não era necessário. Na verdade, nem estávamos tão atrasados assim – o ônibus passou logo que chegamos. Tudo foi mais o calor do momento, a incerteza que nos fazia acreditar que não ia dar tempo. Essas peças que nossas próprias mentes nos pregam.