Ao povo o que é do povo

Temos nos debruçado nos últimos meses a entender como surgiu o imposto na vida das pessoas, também chamado de tributo, o que certamente ocorreu muito antes de Cristo ter dito, segundo uma passagem do Evangelho, em resposta à provocação de nacionalistas judeus da época, “dar a César o que é de César”.
A humanidade, desde priscas eras, tem uma subjetiva escalada de valores que fazem ou gostar ou detestar pessoas, instituições, produtos, serviços, etc. Num ponto, no entanto, a unanimidade prevalece: “abomina pagar tributos”.
A organização da sociedade exige um custo a ser pago por alguém, ou melhor por todos. E isso vem quase que da pré-história. O que poderia ser um binônimo ‘custo-benefício’ que refletisse a realidade, não é.
Quem nos bancos escolares estudou a história universal, sabe bem que os impérios da Antiguidade, como Grécia e Roma, se sustentaram pela cobrança de tributos, através da força militar que, em boa medida, desempenhava o papel de cobradora de impostos.
A história do Brasil tem muitos exemplos nesse sentido, pois desde o descobrimento pelos portugueses, que bem poderiam ter acertado o caminho para as Índias, e não para os índios, foi instituida a rapina, a gatunagem, a ladroagem. Para dar um verniz nesse assalto, muitas décadas depois, a Corte Portuguesa decidiu organizar uma forma de se sustentar, criando impostos. Usando a Inglaterra como modelo, tentaram organizar um sistema de tributos semelhante, porém só levou em conta o necessário para ‘pagar as despesas’.
Nas Minas Gerais, ainda no Brasil-Colônia, esse imposto era conhecido como ‘derrama’, e fez os dois primeiros mártires da nossa história: Felipe dos Santos e Tiradentes. Curiosamente, ambos na mesma cidade, que se insurgiram contra a excessiva cobrança da Coroa.
O resto da história, até chegarmos aos dias de hoje, é sobejamente conhecido. Continuamos a sustentar, em nome de uma sociedade que precisa funcionar, uma casta formada por quadrilheiros travestidos de políticos, eleitos por uma maioria de incautos e imbecis,  que impõe ao povo pesados impostos sem que se tenha direito ao segundo termo do ‘custo-benefício’.
Se na antiga Roma era ‘dar a César o que é de César’, hoje é imperioso ‘dar ao povo o que é pago pelo povo’.