Anêmicas manifestações

A tentativa de sindicalistas em repetir os movimentos populares observados em 2014, quando o Movimento Brasil Livre foi às ruas protestar contra o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, se viu malograda no domingo da semana passada. Mesmo com a parceria de partidos de oposição e entidades estudantis, o que se viu foram manifestações anêmicas, incapazes de cooptar outros segmentos da sociedade ou um mínimo de simpatia pela ‘suposta defesa dos interesses nacionais’.
Quem se deu ao trabalho de olhar as redes sociais notou que o movimento paredista ficou longe de alcançar seus objetivos, e se deparou com ações meramente político-partidárias e o desespero dos sindicatos com a perda substancial de receitas. O movimento estudantil, com a ingenuidade dos jovens das décadas de 1960 e 1970, quando todos eram comunistas, mais uma vez sucumbiu diante do fracasso consumado do movimento.
Em Bragança uma centena de pessoas se reuniu na principal praça da cidade, sem que isso tivesse influído no cotidiano da população. Nada aconteceu. O transporte coletivo funcionou normalmente, não houve paralisação de aulas nas escolas, o comércio trabalhou como sempre, e as repartições públicas tiveram expediente sem qualquer alteração.
A gama de temas que teriam sido ‘bandeiras’ do movimento ficou mais uma vez na superficialidade. A própria convocação da greve, assinada pelas centrais sindicais, sonhava com uma greve ampla, envolvendo inúmeras categorias profissionais. Mas ficou longe disso.
Dentre as tais bandeiras, foram elencadas a reforma da Previdência, mas que ninguém apresentou alternativa à proposta que está no Congresso nem à situação precária das contas públicas; maior geração de empregos formais, retomada do crescimento da economia e contra o contingenciamento da Educação. Verdadeiro samba do crioulo doido.
O resultado do movimento paredista foi inequívoco: essas lideranças sindico-partidárias não expressam mais o trabalhador. Não oferecem soluções plausíveis e muito menos soluções que possam ser levadas a sério. O protesto se mostrou exclusivo na defesa dos próprios interesses.
A greve é um direito sagrado do trabalhador e garantido pela Constituição. Greves políticas, com objetivos difusos e embaladas por paixões partidárias, só alcançam os incautos e pessoas de pouca visão a quem essas entidades deveriam proteger.