Algodão

Para quem não sabe, adotei recentemente dois cactos, aos quais nomeei como Clarissa e Isabella. Por alguma coincidência do destino, algumas outras plantas entraram em meu caminho. Acontece que comprei um produto e com ele veio um cartãozinho que carregava algumas sementes – sementes do quê, eu não sei. Mesmo assim, plantei.
Primeiro em algodão, dentro de um copinho de plástico. Um dia depois, nenhum resultado. Tirei o algodão e coloquei terra dentro do copinho de plástico. Mais dois dias, nenhum resultado. Achei que o motivo da falta de germinação poderiaa ser a falta de sol, afinal, o copinho estava dentro do meu quarto. Coloquei no sol, do lado de fora. Mais um dia e nada.
O que acontece é que, quando era pequeno, sempre que tinha algum tempo disponível, resolvia plantar feijões no algodão. Mas, até onde me lembrava, o tempo que demorava para a planta nascer era muito menor. Não desisti. Tirei do copinho de plástico e coloquei em um vaso preto, com direito a uma terra nova e mais poderosa. Reguei por mais dois ou três dias, e nada.
A persistência é uma boa qualidade humana, mas ela não dura para sempre. Por isso, já havia começado a me despedir daquela planta que não chegou a nascer. Sem esperança e desiludido, fui dar uma última olhada quando percebi que lá estava uma pequena raiz. Talvez as coisas não aconteçam no tempo que a gente quer, mas sim no tempo que elas têm que acontecer. A natureza, o mundo, têm seus tempos próprios e, quando a gente é criança, aceitamos isso melhor do que quando crescemos.
Mas, um dia ou outro, quando for a hora certa, a planta no algodão cresce.