‘AINDA ESTOU AQUI’, resgata nossa história

O filme Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles, venceu o Oscar na categoria Melhor Filme Internacional, conquistando pela primeira vez a estatueta do prêmio para o Brasil. Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, o filme de longa-metragem, após 26 anos e na quinta indicação de filmes brasileiros, recebeu o Oscar 2025.
O ‘Ainda Estou Aqui’ está fazendo história no cinema nacional, além do seu desempenho apresentando para o mundo evidenciando a nossa competência cinematográfica e, também, o filme que resgata a história recente do período da ditadura militar (1964-1985) e escancara a incompetência de se fazer justiça no país.
Considerando, neste momento o conceito de Edmund Burke: “Um povo que não conhece a sua História está fadado a repeti-la” podemos exemplificar desconhecimento histórico brasileiro com os recentes atos em 8 de janeiro de 2023, com a intentona golpista e a depredação das sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.
O filme, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva em 2015, resgata as perdas de sua mãe Eunice Paiva que teve seu marido Rubens Paiva, engenheiro e ex-deputado, preso por agentes do regime em janeiro de 1971 e o seu desaparecimento permanece até hoje, sem responsabilização judicial. O livro e o filme abordam a história real ocorrida no Rio de Janeiro.
Recentemente a BBC News Brasil noticiou que “segundo a denúncia do Ministério Público Federal, ele morreu sob a custódia militar. O reconhecimento oficial da morte ocorreu décadas depois, com os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade criada em 2012, para apurar crimes da ditadura” e que “o Supremo Tribunal Federal-STF voltou a avaliar, no mês de fevereiro, ações que questionam a aplicabilidade da Lei da Anistia. Após um longo período sem avanços, a Corte decidiu retomar o julgamento de recursos que buscam reabrir processos contra militares acusados de matar opositores ao regime, como o deputado Rubens Paiva.”
No debate jurídico os especialistas entendem que é possível punir crimes cometidos há mais de 50 anos dentro da legalidade, pois a idade avançada dos acusados não impede uma eventual condenação, considerando evidentemente, a disposição do país em enfrentar um dos períodos mais violentos de sua história recente.
O filme é um sucesso de bilheteria nos cinemas brasileiros. desde que foi lançado em novembro de 2024. Dados inéditos revelados pela Secretaria de Regulação-SRG da Agencia Nacional do Cinema ANCINE já levou mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas no Brasil e arrecadou 104,7 milhões de reais, sendo responsável por 32% do público de filmes nacionais no período, informou a CNN na última segunda-feira, dia 3 de março.
O filme extrapolou as fronteiras da arte cinematográfica brasileira expondo além dos ‘que não conhecem a nossa história’, mas, também, ao mundo todo apresentando a violência no período desse regime ditatorial brasileiro.
Essas recentes notícias desencalhando tais ações estão diretamente relacionadas com a exposição do filme ‘Ainda Estou Aqui’ mundo afora.
‘Ainda Estou Aqui’ no coração de meus familiares e, quero acreditar, nos corações dos brasileiros. ‘Ainda Estou Aqui’ desaparecido e sem justiça pela minha morte sob a custódia militar. Ainda Estou Aqui até quando?

 

Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.