O SONHO da população de Mairiporã em ter um hospital em condições de oferecer tratamento digno às pessoas que dependem unicamente da saúde pública se transformou em pesadelo.
Depois de conseguir recursos da ordem de R$ 9 milhões, dinheiro do Governo do Estado, portanto público, a cidade finalmente construiu o Hospital Anjo Gabriel, com mais de 2 mil metros quadrados de área construída, pronto para atender a demanda da cidade pelos próximos 30 anos. Todo o processo, desde a captação de recursos até a entrega do prédio, foi feito durante a gestão do prefeito Márcio Pampuri.
Logo ao assumir o mandato, em janeiro último, Antônio Aiacyda deu sinais claros de que não pretendia fazer funcionar a instituição, com o único e surrado discurso que conhece, de que ‘não há dinheiro’. Desculpa esfarrapada.
A Prefeitura não pode nem deve fazer qualquer hospital funcionar. Mas cabe a ela terceirizar o serviço para uma OSS (Organização Social de Saúde), modelo utilizado em 90% das cidades paulistas, bem como, dentro das possibilidades do orçamento, repassar recursos ao novo hospital. Apenas para lembrar, a Prefeitura destinou R$ 9,7 milhões ao Hospital e Maternidade Mairiporã só para este ano. Em Atibaia, a Prefeitura aprovou o repasse de R$ 4,6 milhões à Santa Casa.
Crime – Ao deixar de lado um hospital amplo, moderno, com instalações apropriadas, o prefeito Aiacyda comete um crime contra o patrimônio público, ainda mais grave quando o transforma em depósito de materiais da Prefeitura, que não demora deverá passar à condição de almoxarifado.
Esse posicionamento do prefeito é inaceitável e nunca se viu, na história política da cidade, uma aberração dessa magnitude.
O prefeito, todos sabem, não é gestor. Nem administrador. É apenas político, e por isso mesmo deveria se cercar de assessores com um mínimo de visão do que venha a ser administrar uma cidade.
O hospital há tanto tempo esperado, pelo menos 40 anos, não pode simplesmente passar à condição de depósito da Prefeitura. É um insulto à inteligência das pessoas e um tapa na cara da população carente que depende de atendimento médico através da saúde pública.
Vereadores – Outro comportamento que causa espanto e merece o repúdio da população é o dos vereadores. Simplesmente não falam sobre o assunto, não cobram o prefeito e se mostram coniventes com essa situação absurda.
A pergunta é inevitável: os vereadores foram eleitos para representar o povo ou para pactuar com situações inimagináveis como a destinação dada ao novo hospital?
Os treze parlamentares eleitos no ano passado (sete deles neófitos) assistem impassíveis aos mandos e desmandos do prefeito.
Promotoria – Esse quadro dantesco criado pelo prefeito certamente vai merecer atenção especial da Promotoria Pública de Mairiporã. Como defensora dos interesses da sociedade, não permitirá que se perpetue esse crime contra o patrimônio público e o suado dinheiro do pov.
Para espanto de todos, Mairiporã é a única cidade em todo o planeta que tem um depósito para quinquilharias e outros materiais que custa R$ 9 milhões.