Afinal, qual o caminho?

Confesso que quanto mais leio, ouço, vejo e assisto, a confusão é ainda maior. A imprensa brasileira, quase que de forma unânime, traz relatos diários sobre a pandemia no Brasil. Reportagens e notícias que informam a população, deram lugar a um incontável número de ‘analistas’, que ocupam a maior parte do tempo dos noticiários. Todo mundo, agora, é analista, entende perfeitamente de tudo, aponta o dedo com facilidade espantosa, porém é incapaz de oferecer soluções.

O caminho escolhido pela imprensa, notadamente aquela chamada de ‘Grande Imprensa’, foi transformar a pandemia do novo coronavírus num poderoso aliado a apontar pautas, reportagens, editoriais e programas enfadonhos que elevam à potência máxima os problemas.

Vez por outra, e aí entra o contraditório, fala sobre as incertezas quanto ao futuro da economia, das empresas e das pessoas. Estabelecimentos de todos os setores fecharam e continuam fechando as portas; o desemprego segue em ritmo galopante; é comum, numa rápida passagem pelas cidades, notar centenas de imóveis com placas de ‘aluga-se e ‘vende-se’. O poder aquisitivo da população nunca foi tão escasso e apenas produtos e serviços essenciais (supermercados e farmácias) se sustentam.

É justamente aí que se estabelece a discussão entre fechar tudo para enfrentar o coronavírus e ‘matar as pessoas’ de fome, ou abrir tudo e ‘matar as pessoas de doença’. Fico aqui a imaginar se não existe meio termo em tudo isso. Parece que não! E vem a pergunta: estamos todos condenados à morte, seja por doença ou fome?

A cada novo dia, diante dos excessos nos noticiários, carregados de interesses inconfessáveis e não raras vezes calçados na desinformação, a esperança dá lugar ao medo.

Afinal, qual o caminho?

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988