Acumulados

A minha relação com os livros sempre foi muito boa. Desde pequeno nunca fui daqueles que tem preguiça de ler ou que desiste de um livro pela metade (tudo bem, mas não posso afirmar que nunca abandonei uma leitura, mas não é algo comum). A minha única regra sempre foi a de que eu não poderia começar a ler um livro sem antes terminar aquele que estava lendo no momento. O motivo é óbvio: caso me interessasse muito pelo segundo livro, ia acabar dando mais atenção a ele e, consequentemente, esquecer o que se passa no primeiro livro, sendo obrigado a voltar para o início para relembrar a história. Sendo assim, não sei como vim parar aqui, no dia de hoje, acumulando a leitura de mais de seis livros ao mesmo tempo.
Não pense que estou me gabando, ao contrário. O problema é que sempre aparece um livro mais interessante ou até uma leitura obrigatória que me faz parar o livro anterior para entrar em uma nova história. Isso gera um ciclo de desorganização que, acredite em mim, é problemático para uma pessoa exageradamente sistemática como eu.
Tudo começou quando achei uma edição de As Crônicas de Nárnia pela metade do preço. Sempre fui apaixonado pelos filmes, então resolvi ler o livro (que, na verdade, são vários livros compilados em um só). Ao todo, o livro conta com mais de 600 páginas e não consegui ler sem algumas interrupções, o que levou esse a ser o primeiro livro “em espera”, quebrando aquela única regra. Desde então, se juntaram à “pilha” (o nome que eu dei aos livros que comecei a ler mas, por começar outro, interrompi a leitura na metade) títulos como Fama & Anonimato e O Diário de Anne Frank. Não que eu não goste desses livros. Aliás, pretendo sim terminá-los, em algum momento. Apenas alguma força do destino me levou para outras histórias e, infelizmente, não sou (ainda) uma máquina de leitura automática.
Três anos depois, não terminei As Crônicas de Nárnia e minha regra inicial foi totalmente esquecida. Quem sabe um dia eu volte (para As Crônicas, não para as regras).