Achara que perdera

O mais que perfeito do título é só um invólucro bonito, mas o assunto é apesar de popularesco, semelhante a uma pequena árvore que insiste em brotar por entre os paralelepípedos. Sendo menos poético, essa semana uma história interessante me recordou o exemplo de que os detalhes fazem mesmo a diferença. Começando pela ideia de instituir uma central de achados e perdidos na cidade.

Importante lembrar que o projeto inicialmente foi vetado pelo Executivo e que retornou a Câmara, onde o veto foi quebrado e passou a vigorar. Neste ano, com a nova gestão, a central saiu do papel e está na popularmente conhecida “assistência social” na rua Ipiranga.

Por esses dias, um jovem de nome Leonardo havia perdido sua carteira que continha dentre outros pertences, considerável quantia em dinheiro. Desesperançado, comentou com seus familiares o desgosto do ocorrido. Alguém tomou conhecimento pela rede social da Prefeitura sobre a existência da central de achados e perdidos e aconselhou a procura. E não é que a carteira estava lá? Integralmente preservada – não só o estado do seu material – como também o valor monetário guardado como no dia que foi extraviado.

Pitoresco, não fosse a grandeza dos detalhes como mencionei. Primeiro que alguém que encontrou, ao invés de tomar posse, levou ao local apropriado. Depois, imprescindível elogiar o profissionalismo dos servidores que receberam e honestamente guardaram o objeto na esperança de ser procurado.

A cereja do bolo é a imagem do jovem segurando a carteira incrédulo, pois já dava como impossível a chance de reavê-la.

Sorri de ver esse sorriso, como diria Camila Peçanha no poema “Interrogação”. Quando me perguntam para que serve a política, não demoro em responder que serve para fazer a vida das pessoas melhor. Se não para isso, utilidade nenhuma teria. Falar dos que não acreditam desta forma, não compactuam e não merecem, me canso de fazer.

Que esse bom exemplo nos sirva, como serve a mim nessa semana como incentivo a dar um passo a mais na esperança de que o que tem valor, ainda que pareça impossível, pode ser encontrado onde menos se espera.

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb