Independente de qual seja a sua crença e a maneira que possa se consolar diante dos desafios da vida, há de concordar comigo que viver é como se acostumar a compensações. Seja qual for a época, idade ou fase; surgem desconfortos, problemas e preocupações. Os acontecimentos sempre nos humilham. A vida humilha com a dor, a ausência e a doença. Humilha com a morte, angustia quem vive com a solidão, fim de quem ama.
Parafraseando novamente o poema de Vinícius de Moraes neste espaço, hoje quero te levar a uma reflexão. A vida dá certo e dá errado para todo mundo. É assim! Naturalmente acontece desta forma. Tenho me irritado cada vez mais lendo as frases de gente que age, que fala e publica, como se fossem os únicos do mundo a ter aborrecimentos. Faz da rede social um muro infindável de lamentações.
Organizar o luto é uma tarefa bastante difícil. O que não podemos é escolher sofrer para sempre, como se estivéssemos acorrentados por vontade própria. A chave do cadeado é uma propriedade intransferível. Não se pode plantar o coração na funerária. Há tempo para chorar e depois é imprescindível ir em frente.
A existência por aqui acaba um dia. Como vai acabar para você, para mim e para os meus. Longe de mim banalizar a saudade e o sentimento de alguém. Eu também choro pelos que se foram. Por vezes me bate um vazio dolorido. Oro em silêncio e tento continuar no mundo o valor que encontrei neles e que me esforço para emprestar em minha conduta, como forma da continuidade que humanamente posso permitir em nome do que deixaram de bom em mim.
Tem agora até uma categoria. Se o defunto for parente de primeiro grau, não basta trocar a foto da rede social para o preto. É preciso também escrever: luto eterno. Essa gente não deve saber o que diz. Não é possível. Desculpe leitor, pela acidez das minhas colocações.
Não quero parecer grosseiro, mas há tanto que fazer, não é mesmo? Quem somos nós para passar a vida lamentando e olhando para trás, enquanto do nosso lado os vivos carecem da nossa atenção, do nosso cuidado e da nossa dedicação. Quem perde um amigo, não pode morrer junto ou deixar de continuar sendo amigo dos que ficaram.
A vida deu errado na sua casa hoje? Dá errado na minha também. Aproveite sua conta gratuita nas redes sociais e o baixo valor atualmente da banda larga para exprimir uma mensagem positiva, até porque o que você diz de bom, conspira a seu favor e faz bem a você primeiro. Palavra tem poder, então desejo que sua vida seja menos repetitivamente amarga, como se você fosse exclusivamente vítima. Deus não se esqueceu de você, acredite, mas poupe-o e aproveite o ensejo nos poupando também!
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb