A interminável corrupção

Dizer que a corrupção no Brasil é endêmica, é ‘chover no molhado’. Ela criou raízes desde que por aqui aportaram os portugueses, trazendo a bordo aquilo que tinham de pior na santa terrinha, ou seja, bandidos que receberam como pena o degredo.
Propusemos neste espaço, inúmeras vezes, alterar o artigo 1º da Constituição, que passaria a ter a seguinte redação: “Todo brasileiro é corrupto até prova em contrário”. Parece absurdo, mas não é.
A promessa do presidente Jair Bolsonaro de estancar a sangria do dinheiro público, depois de uma atuação histórica da Lava-Jato, ainda não se cumpriu. E dificilmente ocorrerá.
A chegada da pandemia foi um estímulo à prática de roubalheira, diante das facilidades que o Governo Federal e o Congresso autorizaram, como o fim dos processos licitatórios para compra de produtos e serviços, mas também um paraíso quase possível na Terra a prefeitos, governadores e o próprio Estado como Nação.
a lista de escândalos, que percorreu todos os espectros partidários, da esquerda à direita, passando pelo centro, que permeou com destaque o noticiário, teve início com os Mensalões petista e tucano, Petrolão, Propinoduto, Anões do Orçamento, Máfia dos Vampiros, entre outros inúmeros casos.
Agiram e agem como sanguessugas e assaltam sem pudor os cofres públicos, verdadeiros parasitas que condenam brasileiros ao vácuo do Estado, deixando-os sem educação, saúde, saneamento básico, comida e outras necessidades básicas.
A discussão não é nem nunca foi se o problema é sobre direita e esquerda. É sobre certo e errado.
A Operação Placebo, realizada na semana passada, que aponta graves indícios de irregularidades milionárias no Rio de Janeiro, envolvendo o governador Wilson Witzel (PSC) e o suposto desvio de dinheiro investido contra a Covid-19, é só a ponta do iceberg. Essa ‘bondade’ de escancarar compras públicas onde, quando, de quem e pelo valor que quiserem, foi mais um estímulo à roubalheira, ainda que os políticos não precisem de incentivo algum. E não é só no Rio de Janeiro.
O resumo disso tudo é que se trata de uma luta desigual: apenas a Polícia e o Ministério Público Federal nesse enfrentamento aos mal feitos, diante do inimigo formado por representantes de todas as esferas de Poder.
O combate à corrupção deve ser implacável. Mas é imprescindível que o Estado, através da Polícia Federal, cumpra seu papel, sem interferência política.