Coluna do Correio 18/8

FRASE
“Os governos que têm explorado as acumulações para aninhar os incompetentes, amigos seus, explorarão doravante as desacumulações para beneficiar os incapazes, seus afilhados. Mera questão de mudança no sistema do arbítrio, de variação no regime da incompetência, da moda na distribuição do nepotismo. As épocas de servilismo e prostituição vivem destas superstições.” (Ruy Barbosa, jurista, político e diplomata brasileiro)

NEPOTISMO (I)
Na maioria das cidades brasileiras em que foi usada a prática do nepotismo (nomeação de parentes de prefeitos e vereadores), a Justiça decidiu, com base em ações propostas pelo Ministério Público, que deve haver exoneração dos nomeados. É entendimento unânime.

NEPOTISMO (II)
Em Mairiporã, passados sete meses da posse dos eleitos, o prefeito Aiacyda mantém a mulher e o filho em cargos no primeiro escalão, como secretários, e mesmo com a propositura de ações e representações, ainda não se tem nenhum posicionamento do Poder Judiciário. O que se viu foi a exoneração de dois sobrinhos do prefeito e só.
NEPOTISMO (III)
Em algumas cidades, na tentativa de manter a ‘boquinha’ dos parentes, prefeitos baseiam suas defesas na Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal, uma verdadeira ‘colcha de retalhos’. A maioria dos magistrados no País não a leva em consideração, o que é positivo para a transparência no trato com a coisa pública. Até no Rio de Janeiro o filho do prefeito foi exonerado.
NEPOTISMO (IV)
Quando o assunto vem à tona, o prefeito Aiacyda costuma frisar, em favor do filho, que ele é formado por duas faculdades. Não se trata de currículo e sim de ética. Além da nomeação, só faltava o prefeito nomear o filho sem que tivesse alguma faculdade. Mas há secretários que passaram longe do ensino superior.
NEPOTISMO (V)
O vereador Wilson Sorriso, que publicamente já se colocou como opositor ao governo Aiacyda, publicou nas redes sociais que vai percorrer a cidade com um carro de som para cobrar uma decisão sobre o nepotismo na Prefeitura. Ao que parece, a ‘guerra’ só começou.
SEMELHANÇA
Em algumas cidades o nepotismo e o despotismo são irmãos siameses. O nepotismo é o abuso de poder na repartição de cargos entre parentes e amigos. O despotismo é o poder da autoridade que uma pessoa exerce abusivamente sobre as demais.
DONOS
Frase ouvida numa conversa entre amigos: “Mairiporã não pode mais continuar nas mãos de pessoas que agem como se fossem donos da cidade”. Nunca uma frase foi tão lapidar. E é bom que se diga que não é só o atual prefeito que se comporta como tal. Muitos de seus antecessores usaram desse expediente.
INCOMODADOS
Alguns vereadores começam a demonstrar insatisfação com os rumos do governo municipal. Muitas vezes são obrigados a ouvir críticas e até xingamentos, pois a população está de saco cheio com os políticos e com os discursos vazios, principalmente quando faz uso da manjada explicação de que ‘não há dinheiro’. Um contribuinte que se diz cansado de esperar por melhorias em seu bairro, disse na lata: “Se é para falar sempre que não há dinheiro, melhor pegar o boné e ir para casa”.
‘MUI AMIGO’
Tem gente trabalhando no primeiro e segundo escalões do governo municipal, bem como parte dos vereadores, que se reúnem com alguma frequência para falar sobre sucessão municipal, mesmo ela estando distante. Os parceiros de hoje estão propensos a formar um grupo para lançar candidato a prefeito.
TIRO NO PÉ
Essa história do prefeito se acertar com uma empresa para mandar a cartório de protesto os contribuintes inadimplentes é, segundo opinião de analistas políticos, um tiro no pé. Claro que é dever da Prefeitura mudar o esquema que até hoje só beneficiou os ‘maus pagadores’. Mas protesto é uma estratégia perigosa para quem depende do voto popular. Raras cidades tomaram essa medida e assim mesmo voltaram atrás.
DESCRENÇA (I)
A descrença na política, seja em que nível for, impulsiona a renovação nos legislativos brasileiros. Em Mairiporã, depois de três eleições com reeleição de 70% dos vereadores, a mudança ocorreu no pleito do ano passado quando sete, dos 13 assentos no Legislativo foram destinados a quem nunca teve mandato eletivo. Apenas sete meses depois a descrença passou a ser com os novatos, que não têm demonstrado aptidão pela política. Pelo menos até agora. Faltam criatividade, vontade de mudar e independência política, tudo isso junto na contramão do que deveria ser. “O voto do vereador é a procuração que o eleitor dá a ele para decidir no parlamento sobre o interesse comum do povo. Não aos interesses pessoais”. Essa máxima não prevalece na cidade.

DESCRENÇA (II)
A pouco mais de um ano das eleições para a Presidência, governos estaduais e Congresso Nacional, os brasileiros manifestam rejeição generalizada à classe política, independentemente de partidos, e ao atual modelo de governo. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos em quem já votaram (vereadores e prefeitos no pacote). Para 94%, os políticos que estão no poder não representam a sociedade. E isso é sentido nas ruas.

TROPEÇO
Na sessão de terça-feira o presidente Marco Antônio sofreu para ler o roteiro preparado por sua assessoria. Ficou flagrante que havia mudanças que dificilmente ocorrem no rito semanal. Oportuno que haja revisão na pauta e no roteiro. Ou não foi isso?
REFORMA
A reportagem agendou para a próxima semana uma entrevista na Cúria Diocesana de Bragança Paulista, para apurar de quem será a responsabilidade pelos custos da possível reforma ou construção de uma nova Igreja do Rosário. A Prefeitura jura de pés juntos que ela não tem nada com isso. Fica a pergunta, que não quer calar: por que razão e circunstância querem derrubar a capela, especialmente num momento em que os recursos financeiros são escassos?