Vacina ainda é digna de crédito?

A pergunta acima deve ser feita ao Governo Federal e, claro, à população, que em última análise seria beneficiada com o medicamento. A indagação faz sentido, quando se observa que nenhuma das campanhas realizadas em todo o território nacional, há mais de dez anos, não tem chegado perto das metas propostas pelo Ministério da Saúde. Longe disso!
Recente reportagem publicada no jornal o Estado de S. Paulo revela que dos 645 municípios que integram o estado paulista, apenas 17 conseguiram alcançar os 90% de vacinados. Ou seja, 97% das cidades ficaram longe de cumprir com a expectativa do órgão governamental.
E quando se fala em 97% dos municípios, é bom lembrar que todas as vacinas (inclusive aquelas do calendário fixo e anual) estão presentes no resultado que foi obtido.
Segundo ainda o jornal Estadão, os números são fruto do cruzamento de dados públicos de vacinação, provenientes do DataSUS e do InfoMS, com dados populacionais do IBGE e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos.
O que se quer saber, diante dessa realidade, é o que leva as pessoas a declinar das vacinas, mesmo diante de campanhas amplamente divulgadas.
Coincidência ou não, tenha relação ou não, a queda mais acentuada na procura por vacinas começou durante a pandemia da Covid-19. Naquela oportunidade, os órgãos e autoridades de saúde disseram exaustivamente que a população deveria tomar uma dose da vacina para se garantir contra a doença. Logo em seguida veio o anúncio de que seria necessária uma segunda dose. E depois a terceira, a quarta, a de reforço e a coisa foi longe. Ou seja, perdeu a credibilidade. A desconfiança, a partir daí, foi avassaladora. Ampliar esse descrédito para outras vacinas foi um pulo.
As campanhas registraram resultados pífios desde então, raramente alcançando 50% do público elegível. Nem os idosos e as crianças (neste caso os pais), sempre com os melhores percentuais de imunização, acreditam mais.
Voltando ao início, é imprescindível buscar respostas para o desinteresse da esmagadora maioria das pessoas.
Por enquanto, diante desse quadro, nota-se que não há mais qualquer empatia entre os seres humanos e a medicação ofertada gratuitamente nas campanhas de vacinação.