Uns no papel, bem poucos reais

Não há, num só lugar deste País, que não se reclame da área da Saúde, especialmente a pública. As críticas vão desde nenhum atendimento a toda espécie de procedimentos mal feitos e que, via de regra, deixam a desejar. Isso sem se falar em hospitais lotados, com macas pelos corredores, falta de médicos, de equipamentos, de estrutura, de medicamentos, enfim, um caos na maioria das cidades.
Na semana que se encerra, vários jornais publicaram que suas cidades aguardam hospitais que ainda estão no papel, ou seja, seguem apenas no imaginário de quem precisa da saúde pública, seja por falta de recursos, de interferência política ou mesmo vontade de fazer.
Mairiporã, durante mais de 40 anos, esteve nesse quesito de ‘falta de vontade de fazer’ dos prefeitos que tiveram assento no Palácio Tibiriçá. A mudança começou no mandato do prefeito Márcio Pampuri, que ergueu o prédio do Hospital Anjo Gabriel, mas não conseguiu colocá-lo em funcionamento, e que seguiu fechado nos quatro anos seguintes, com o agravante de ter sido transformado em depósito de quinquilharias). Somente no primeiro mandato do atual prefeito, Aladim, que com visão de futuro, botou o gigante de concreto em pé e, mesmo com dificuldades financeiras, o mantém em atividade.
Certa feita um médico de São Paulo, que atende no Anjo, confidenciou a um repórter deste jornal que o hospital é não só importante para a cidade, como está bem equipado e é melhor que a maioria das unidades hospitalares da capital paulista.
Claro que depois de muitas décadas de prefeitos e vereadores sem qualquer compromisso com a população que depende exclusivamente da saúde pública, a desconfiança ainda está arraigada em certa parcela da sociedade local.
Daí que a prática de reclamar do atendimento médico-hospitalar ainda resiste em Mairiporã. Algumas das críticas até procedem, mas a maioria deve ser colocada na conta dos que as repetem como se papagaio fosse.
Fato é que poucas, pouquíssimas cidades em todo o Brasil possuem uma unidade médico-hospitalar como o Anjo Gabriel. Problemas, críticas exageradas e outras fundamentadas, sempre vão existir. O ponto importante, no entanto, é reconhecer que a Saúde em Mairiporã, e longe aqui de tecer loas gratuitas a quem quer que seja, melhorou significativamente nos últimos quatro anos.
A população, em especial o eleitor, demorou para enxergar que o município precisava de um gestor e não de politiqueiros que durante quatro décadas ocuparam a principal cadeira do Palácio Tibiriçá. Ao experimentar a mudança, viu que, após quatro anos, tinha acertado na escolha.
Com ou sem problemas e dificuldades, Mairiporã tem um hospital atendendo quem precisa. Outros, ainda não conseguiram sair do papel.