Se o castigo vier a cavalo

Esse negócio de lei do retorno os antigos resumiam na frase que dá título a este texto. Essa figura metafórica do castigo cavalgando na minha direção, já visualizei diversas vezes e chega a ser engraçado. Desejar isso para alguém é humanamente compreensível e egoísta, já que quando pensamos em justiça pensamos sempre em vingança.
A justiça que por diversas vezes compreendo é quase sempre querer que o outro se dê mal. A justiça divina não é assim, mas é fato que existe a lei do retorno. As sagradas escrituras já diziam que tudo o que o homem semear, colherá.
Às vezes, o retorno não vem como a gente imagina. Pode ser silencioso, discreto, e até parecer injusto no começo. Mas com o tempo, a gente entende que há um acerto invisível acontecendo. O que é verdadeiro não se perde, e o que é falso se desfaz. A vida não erra o endereço. Ela só escolhe a hora certa de entregar a resposta.
É por isso que não adianta correr atrás da vingança. Ela cansa, pesa e tira o brilho do coração. Melhor é confiar na sabedoria do tempo, que tudo coloca em seu devido lugar. O que é pra ser nosso, volta limpo. O que não é, vai embora sem aviso. A justiça divina não se apressa, mas nunca falha.
Enquanto isso, seguimos plantando o que gostaríamos de colher. Um gesto bom aqui, uma palavra amiga ali, um perdão dado em silêncio. São pequenas sementes que um dia brotam em forma de alegria. E quando o vento sopra a nosso favor, a gente percebe que foi o próprio bem que cultivamos que está voltando para nos abraçar.
Mas é claro que nem sempre é fácil agir com o coração limpo. Tem dias em que a dor grita mais alto, e a gente sente vontade de ver o outro tropeçar. É humano, ninguém está livre desse sentimento. Só que, se a gente se deixar levar por isso, acaba se perdendo também. A paz, quando vai embora, leva com ela a leveza de viver.
Então é preciso respirar fundo e acreditar que o tempo é um jardineiro justo. Ele poda o que atrapalha, rega o que precisa crescer e faz florescer o que parecia seco. O segredo é não desistir de ser bom, mesmo quando o mundo parece duro demais. Porque o bem, por mais calado que seja, nunca passa despercebido.
E lá na frente, quando olharmos para trás, vamos perceber que tudo teve um sentido. Que cada dor ensinou, cada espera fortaleceu e cada volta trouxe um aprendizado. A lei do retorno é, na verdade, um lembrete de que vale a pena caminhar com verdade. Porque quem planta amor, mesmo em solo árido, um dia verá o campo inteiro florir.
Afinal, é simples: o retorno é o reflexo da alma. Cada um atrai o que espalha. Então, que a gente espalhe o que gostaria de viver. E se a colheita demora, exige paciência, pois o tempo é sábio, a terra da vida é generosa. Quem planta amor, mesmo em solo seco, mais cedo ou mais tarde, verá flores nascerem.

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”