Saco de arroz pela metade

A imagem da semana ficou por conta da divulgação da imagem onde há por sobre a mesa de arrecadação de alimentos, um saco de arroz pela metade. O gesto chamou a atenção e rodou a cidade por meio das redes sociais. Em dias de tanta dificuldade, alguém que já tinha pouco não se isentou do gesto de doação e se viu na responsabilidade de fazer sua parte.

A quantidade em grãos ou quilos pouco importa diante da magnitude do gesto. Fico pensando nesta pessoa. Fecho os olhos e vejo ela separando parte do conteúdo. Talvez colocando em algum pote e depois amarrando bem preso o restante para levar a um posto de arrecadação para que por fim possa chegar a mesa de um desconhecido que nada tenha.

Tudo isso sem o estardalhaço que alguns propagam na intenção de serem aplaudidos publicamente.

O gesto deste – posso iniciar com letra maiúscula – Cidadão, é daqueles de ficar minutos olhando a foto e refletir muita coisa. Para mim, a nossa pequenez, diante desta trágica doença que tem levado dia após dia tantos e que agora parece não distinguir mais a idade.

A sociedade por completo, independente de classe social, tornou-se o grupo de risco. No entanto, quanto a fome, muitos permaneceram ilesos e avessos a fragilidade do próximo. Confortavelmente olhando do seu pedestal de estabilidade e incapazes de ofertar que fosse o tal saco de arroz pela metade.

Ainda bem que esse ser humano anônimo saiu de casa para a vacina. Não apenas essa que no organismo induz a imunidade ao vírus SARS-CoV-2, mas a que está se popularizando em Mairiporã: vacina contra a fome. E nesta hora não há lados e partidos. O que menos importa é visão política. Vejo que apesar do distanciamento, estamos nos aproximando quando a palavra mais importante passa a ser: Solidariedade!