“Aquilo que não é construído no coração das pessoas, nenhuma lei é capaz de sustentar.” (Aristóteles)
Ultimamente tenho notado como a falta de empatia tem se tornado cada vez mais presente em nossa sociedade. Depois da pandemia, muitos parecem ter abandonado o filtro social e o equilíbrio, preocupando-se apenas com seus próprios problemas e interesses.
Em meio a isso, surgem desculpas como “pertencer a um grupo” ou “seguir uma onda” para justificar atitudes de zombaria, ofensa e ridicularização contra pessoas, seja por sua condição física, intelectual, social, religiosa, preferência sexual, ou puramente por achar “legal” ser mal-educado.
A família continua sendo o núcleo central na formação do caráter e da conduta de cada indivíduo. É dentro desse espaço que se aprendem valores como respeito, empatia e solidariedade. Sem essa base, crianças, jovens e adolescentes correm o risco de reproduzir comportamentos prejudiciais, tornando-se adultos menos capazes de conviver com a diversidade.
Ensinar o respeito ao próximo, o cumprimento das leis e a compreensão de que existem diferentes formas de pensar e viver é responsabilidade primordial de pais e responsáveis. A escola também cumpre papel essencial nesse processo, embora, muitas vezes, esteja sobrecarregada diante de uma sociedade marcada pelo individualismo e pela carência de valores.
Um exemplo importante de avanço nessa direção é a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Ela garante, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, assegurando acesso à saúde, educação, trabalho, transporte, cultura, lazer e comunicação, além de combater qualquer forma de discriminação.
Seu objetivo é promover a cidadania plena e a participação efetiva de todos na sociedade, reforçando a necessidade de que o respeito e a inclusão sejam práticas do dia a dia.
Quando atitudes de desrespeito, zombaria ou exclusão acontecem e especialmente quando há intenção de humilhar ou ridicularizar, elas deixam marcas profundas, criando traumas psicológicos que muitas vezes são difíceis de tratar. Nesse sentido, a escola tem grande responsabilidade, devendo atuar de forma firme para coibir o bullying e promover um ambiente saudável, seguro e inclusivo para todos os alunos.
A verdadeira transformação social, porém, começa com pequenas atitudes cotidianas: na forma como tratamos as pessoas, no respeito que ensinamos às crianças, na empatia que praticamos dentro e fora de casa. A inclusão não se constrói apenas com leis, mas com a soma de esforços coletivos, familiares e institucionais.
Cada gesto de cuidado, cada palavra de incentivo, cada ato de solidariedade contribui para que possamos viver em uma sociedade com mais justiça solidariedade, humanidade e espirito acolhedor.
Reflexão – No fim, a reflexão é clara: se nossas atitudes têm o poder de ferir, também têm o poder de curar, acolher e transformar. Qual caminho estamos escolhendo trilhar? Já dizia o psicólogo Carl Rogers: “A empatia é a capacidade de enxergar o mundo pelos olhos do outro.”
Raphael Blanes é Servidor Público Municipal, formado em Gestão em Saúde Pública, Técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no Combate às Endemias, especialista em Gestão Hospitalar, graduando em Filosofia e Psicologia. Instagram: @raphaelblanes Email: blanes.med@gmail.com.