Problemas no trânsito todas as cidades têm. Especialmente pelo fato de políticas públicas de mobilidade urbana ainda engatinharem, sem oferecer soluções, mesmos as mais fáceis. Em Mairiporã, no entanto, para chegar a engatinhar, falta muito.
Aliado a essa questão, motoristas contribuem muito para transformar o que está ruim num verdadeiro caos, com destaque para os que não têm educação e cometem toda sorte de infrações, que vão desde avançar o sinal até estacionar em locais proibidos e ocupar vagas de idosos e deficientes, e que não raro provocam acidentes.
Mairiporã é uma cidade que vivencia problemas em sua mobilidade, pois a maior parte da sua malha viária data do século 18, com ruas e ladeiras estreitas, que surgiram para a passagem de carroças, charretes e animais. E cento e tantos anos depois, é impossível alterar as dimensões das vias centrais, como também é impensável limitar a quantidade de veículos que circulam.
Mas não vamos culpar o passado. Nesses cento e tantos anos, dezenas de prefeitos foram eleitos e nunca se ouviu falar que uma das prioridades fosse o trânsito, que hoje é conhecido como mobilidade urbana, termo moderno, mas não o suficiente para resolver os velhos problemas.
A crescente frota de automotivos é outro ingrediente complicador. Hoje, segundo dados atualizados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Mairiporã tem 1,8 veículo por habitante, número que segundo analistas desafia os responsáveis pela mobilidade urbana e contribui para agravar a situação.
Se os motoristas fizessem a sua parte, respeitando ao menos as regras da boa educação, ajudaria muito, assim como o Departamento de Trânsito, cuja fiscalização é insuficiente e, na maioria das vezes, como observo diariamente, feita apenas de dentro das viaturas. Não há agentes nas ruas, à pé, vistoriando e autuando infratores e até mesmo oferecendo orientação.
Fica evidente, para a população que enfrenta o trânsito diariamente, que o planejamento de Mobilidade Urbana na cidade é feito por quem não vive na cidade, não tem filho na escola e não anda pelas ruas em horários de pico.
Mas o amigo leitor não se deixe enganar: esse quadro pode piorar muito mais, tamanha a ineficiência do poder público.
Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988