A galera dos quarenta, ou próximo disso; além de estar na faixa dos que recebem a vacina contra covid neste mês, também está na crista da onda. Crista da onda já deve ser gíria meio ‘cringe’. A geração Z está aí brincando conosco que nascemos na primeira metade da década de oitenta. Nós que brincamos de bolinha de gude, peão e na escola mandávamos bilhete para dizer: ‘quer namorar comigo? Com a perda do querido Srº Paraná do Brasil, fiquei recordando nossas conversas para reservar o filme “O Exterminador do Futuro”. Tinha fila para alugar a versão dublada. Saudade dele dizendo para não esquecer de devolver a fita rebobinada.
O termo vergonhoso pode ser pejorativo, mas compreendo que tudo fica antigo rápido e que os nossos hábitos de infância e adolescência já ficaram tão distantes que parecem coisa do século passado, literalmente. Mas, devolvendo na mesma medida; a geração que nasceu com a tecnologia que criamos, gosta de postar ‘textão’ na rede social, mas tropeça feio na ortografia e parece nunca ter estudado concordância. Criticam tudo e todos, mas sequer arrumam pela manhã a própria cama. Tantos parecem mais aposentados que nunca trabalharam, do que jovens que já deveriam estar lutando para ser alguém na sociedade. No meu tempo, sonhava em trabalhar para comprar um vídeo game. Hoje, o filho com o celular na mão, mal escuta o que os pais estão dizendo durante o jantar. Tudo é liquido, rápido e infelizmente, por vezes, banal! Será que daqui há quinze anos esses hábitos serão ‘cringe’? Onde será que vamos parar ocupando quase todo o tempo com futilidades?
Não se trata de concorrência, mas de colocar na balança o útil e o inútil. Tudo sem generalizar para não ser injusto. Mas parece mesmo que respeito ficou ‘cringe’. Respeito pela história alheia, pelas lutas de outrem, pela valorização dos que já lutaram e chegaram até aqui. Tenho um orgulho danado do aparecimento de rugas e de ter percorrido a estrada e poder chegar em qualquer canto tendo uma boa história para contar. Acho divertido acelerar o áudio para otimizar o conteúdo e resolver o maior número de problemas possíveis.
A vida é guerra e batalhas são vencidas uma a uma com armas e homens, como diz Sun Tzu. No entanto, não esqueço de mesmo na pressa, olhar nos olhos de quem tem o quer dizer e quer comigo partilhar por confiança e necessidade.
Não existe época melhor, porque o melhor, para mim, ainda vai começar. Se não for assim, não tem graça. Caminhamos pela esperança do que está por vir. E que seja tamanha alegria que a conquista justifique as feridas! Depende de nós, cada qual com sua idade, sermos nem melhores, nem piores. Juntos não podemos tornar o mundo ‘cringe’ para os que virão naturalmente ocupar as nossas cadeiras na ciranda onde nada é eterno, tudo muda e sabendo que o que vale mesmo é o caminho e não o destino.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb