Diariamente as emissoras de TV, rádio, os jornais e as redes sociais amedrontam os brasileiros com números cada vez mais ‘cabeludos’ sobre o total de mortos e infectados pelo novo coronavírus, especialmente em São Paulo. São dados dos órgãos governamentais e da mídia festiva, que faz da pandemia o seu carro-chefe. Não se fala nada que não faça referência à Covid-19 nos telejornais. E o número de curiosos dando palpite na TV é algo estarrecedor. Tem de tudo: cientistas, médicos, curandeiros, videntes, pais de santo e, especialmente, curiosos.
Os telejornais deitam falação sobre o uso de máscaras, álcool gel, lavagem das mãos, distanciamento entre as pessoas e isolamento social. Não se limitam a isso, vão às ruas, numa autêntica caça às bruxas, mostrar aglomerações, como verdadeiros paladinos justiceiros.
O governador Dória transformou a pandemia em espetáculo midiático e conta com ela para alavancar seus propósitos de chegar ao Palácio do Planalto. Com ar angelical, põe e dispõe, faz e desfaz do Plano São Paulo, conforme seus interesses, como já dito, com olhos grandes em 2022.
Os números divulgados sobre a doença sobem e descem feito elevador novo. Total de vacinas aplicadas são alardeadas, a chegada de mais doses também, as recomendações idem na mesma data e, o de sempre: gente morrendo.
Há algo estranho nessa relação. Dificilmente a pandemia mostra regressão e aí o tal arco-íris de Dória entra em cena, fazendo as pessoas e os segmentos produtivos de palhaços.
Numa semana o vermelho muda para laranja, que muda para amarelo, que muda para o verde, que volta ao vermelho. E todos dançando conforme a música. Um abre e fecha de estabelecimentos comerciais, de serviços, enfim, incerteza quanto ao futuro da economia e, para muitos, o caminho do fim. A cada abre e fecha, o que fecha mesmo são lojas e restaurantes que literalmente ‘quebram’.
Na semana retrasada o governador anunciou um retrocesso em seu arco-íris, dizendo que os casos da doença e das mortes tinham subido consideravelmente. Portanto, todo mundo no vermelho, especialmente os comerciantes, que também viram suas contas bancárias ainda mais vermelhas. Nem cinco dias depois, tudo muda, como num passe de mágica.
Ou o governo Dória é de uma inteligência muito além da compreensão dos mortais, ou todos, indistintamente, se comportam como idiotas.
Nesse jogo todos perdem. Menos aqueles que se locupletam do esparrame do dinheiro público que financia o espetáculo midiático em que se transformou a pandemia.