Olha dezembro ai!

“A vida é como neve: enquanto pensamos no que fazer com ela, já derreteu.” (George R. Martin)

Dezembro chegou, na verdade já estamos no meio dele. Talvez mais rápido do que esperávamos. E, quando percebemos, estamos outra vez no último capítulo do ano, com aquela sensação curiosa de que piscamos… e tudo passou.
É nesse momento que muitos começam a revisitar mentalmente o que viveram: desafios que em algum instante pareceram impossíveis, mudanças silenciosas que aconteceram sem alarde, pequenas alegrias que salvaram dias difíceis. A verdade é que crescemos mais do que notamos. O cotidiano, com sua pressa constante, não nos deixa ver, mas dezembro deixa.
Esse mês sempre carrega um convite discreto, quase íntimo: o de olhar para o próprio caminho. Não com culpa, não com pressa, não com cobrança, mas com honestidade. Reconhecer que chegamos até aqui não por acaso, mas porque enfrentamos cada etapa com a força possível naquele momento. Às vezes vacilando, às vezes firmes, mas sempre seguindo.
Também é tempo de perceber o que ficou para trás. Quantos medos carregamos o ano inteiro? Quantas vezes imaginamos catástrofes que nunca aconteceram? Como dizia Montaigne, “aquele que teme sofrer já sofre pelo que teme”. E talvez esse seja um dos grandes chamados de dezembro: aliviar o peso do que não precisamos mais sustentar.
Há muito neste mês que pede valorização do simples. Do gesto que confortou, da conversa que fez diferença, da pessoa que estendeu a mão quando tudo parecia pequeno demais. Do hábito novo que começou sem querer, das vitórias discretas que quase ninguém viu, mas que transformaram nossa paisagem interna, quem é você neste cenário?
Se o ano passou depressa, que dezembro passe um pouco mais devagar. Que seja um espaço de pausa possível, mesmo dentro do movimento natural das coisas. Um intervalo em que se possa respirar, lembrar e, principalmente, reconhecer as coisas boas que ainda habitam em nós antes de entrarmos na onda das festividades que estão por vir.
Reflexão – Que esse dezembro seja menos sobre correr para resolver tudo e mais sobre guardar o que realmente importa. Ainda virão o Natal e o Ano Novo, com seus próprios significados. Por enquanto, basta acolher o fato de que chegamos até aqui e isso, por si só, já diz muito sobre nós.

Raphael Blanes: Servidor Público Municipal, formado em Filosofia, Gestão em Saúde Pública, Técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no Combate às Endemias, Gestão Hospitalar, Saúde Única (One Health), RH e Desenvolvimento de Equipes e graduando em Psicologia. Instagram: @raphaelblanes – Email: blanes.med@gmail.com.