O nosso parlamento

Depois de um longo e tenebroso inverno, o editor deste jornal assistiu às duas últimas sessões da Câmara local. Um exercício penoso, verdadeira penitência. Entre muito mais do mesmo e momentos de flagrante sonolência, há raras exceções, talvez duas ou três, que justificam estar lá representando o povo, enquanto os demais não têm fôlego e nem serenidade para conduzir suas ações sem separar a política daquilo que é de interesse público e acabam falecendo no discurso.

O parlamento do município tem um contingente de servidores comissionados que custam uma fortuna aos cofres públicos, entre eles 13 vereadores, que engrossam as despesas com atividades legislativas. Além de homenagens, discursos, bate-boca inócuos, indicações de tapa-buracos, corte de mato, patrolar e cascalhar vias, moções de apelo (por sorte, nenhuma endereçada ao Criador) e coisas que tais, somente justificam os votos recebidos quando analisam projetos do Executivo, porque são obrigados a fazê-lo. Então, não se enxerga nada que realmente explique a função do vereador, dentre elas, propor e aperfeiçoar leis, fiscalizar efetivamente o Executivo e o Erário. Salvo melhor juízo, ao que se apresenta nesses últimos dois anos, os vereadores fizeram o quê e para quê?

Claro que essa situação não é nova. A cada mudança de composição fica a expectativa de que algo se altere na forma de atuar dos legisladores. Em vão! Fica a quase certeza que logo após a posse, os neófitos recebem uma cartilha e por ela devem rezar, sem fugir uma linha sequer daquilo que os antecessores fizeram há trinta, quarenta anos.

Não se inclui aqui as ações feitas sob o manto da fiscalização, que em épocas nem tão distantes se revelaram de cunho estritamente político, que geraram prejuízos financeiros ao município, ao meio ambiente e à população.

Ano que vem tem eleição. Pelo que se viu até aqui, pelo menos 80% dos parlamentares dificilmente vão conseguir a reeleição.

É bom destacar, nesse contexto, que os dois ou três bons vereadores citados no início desta análise, não são aqueles dois que, desde o início da gestão, se colocaram como opositores. Não! Ambos agem exclusivamente como inimigos do governo. Não se pode dizer nem adversários.

A sugestão é que leiam com atenção o ensinamento do Mestre Yoda, cuja frase abre a Coluna do Correio desta semana: “Não tente! Faça… ou não faça. Não há tentativa.”