Há momentos que parecem entramos em uma outra dimensão. Passei por essa sensação na última semana visitando a escola Tirsi Anna Castellani Gamberini. Que alegria difícil de descrever, mas o mínimo que eu poderia fazer é publicar um pouco aqui. A escola inaugurava seu “cantinho da leitura”. Um capricho só que mereceu o laço de fita vermelha para marcar a entrega de um espaço aconchegante e confortável para que a criançada possa continuar pegando o gosto pelos livros e pela leitura.
O encerramento do projeto “E viveram leitores para sempre” teve direito as turmas perfiladas com seus professores na quadra e abertura com a palavra da diretora Ana Lúcia, além do hino da instituição cantado junto com a garotada que compõe os músicos aprendizes do projeto “brasileirinhos”, que vem sendo conduzido com tanto brilhantismo pelo professor Paulo Miguel. A escola tem hino e todos por lá sabem na ponta da língua. Parecia cena de filme, ou melhor, cena de livro. Sabe quando você mergulha em uma história e vai indo uma página atrás da outra perdendo a noção do tempo? Desta forma que me senti.
Um momento maravilhoso ainda estava guardado. Minha esposa e eu fomos convidados para uma sala bem arrumada. As mesas posicionadas em torno de uma mesa central adornada com minha foto e uma caprichosa jarra com água, além de arranjo de flor. As crianças com os cartões nas mãos e as perguntas prontas para serem feitas a mim. O olhar de admiração deles e a curiosidade por me perguntar sobre meu livro e sobre mim são das mais bonitas lembranças que terei guardado em toda minha vida. Com que carinho os alunos do quarto ano, da Professora Alessandra me receberam.
Alessandra tem a postura e trabalho marcados pelos detalhes que só os grandes mestres são capazes. A palavra gratidão surgiu como mote para representar o que eu senti e pude então receber o abraço da turma e dar uns autógrafos como se fosse um artista. Pobre de mim, apenas alguém que quis ver no papel seus anos de alegrias e tristezas impressos em linhas na forma de volume.
Para coroar o último momento, recitaram o poema “Todo gateiro sabe” e aplaudimos o desempenho de todos com pena de que estava terminando. Eu expresso aqui o meu profundo sentimento de gratidão a todos da escola Tirsi Anna pela maneira com que valorizaram o meu livro, o meu trabalho e a mim mesmo. Nem sempre somos valorizados no quintal de casa e os minutos que eu passei lá me servem como principal motivação para terminar o segundo livro.
As sementes plantadas nos corações dos alunos incentivados a leitura, tenho convicção que resultarão em um futuro de adultos que farão a diferença aonde quer que cheguem. Atrás dos balcões, a frente dos escritórios, das mesas, dos consultórios, dos gabinetes e até mesmo dos parlamentos. Essas crianças chegarão à maturidade aprendentes e ensinantes capazes de transformar qualquer ambiente que chegarem.
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”